Independência/46 anos: Partidos políticos apontam trabalho a ser feito para um futuro diferente
MpD pede reflexáo sobre ganhos e desafios
No seu discurso alusivo à data, o líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD) defendeu que o momento é de celebração, mas também de reflexão à volta dos principais ganhos e desafios que se colocam ao país, livre e democrático, para a construção de um futuro que todos sonham e almejam, mas acima de tudo de consensos indispensáveis em nome dos “superiores interesses de Cabo Verde e dos cabo-verdianos”.
João Gomes que referiu sobre o programa do Governo para a X legislatura, para os diversos sectores e famílias cabo-verdianas, lembrou que os ganhos conseguidos após 2016 foram comprometidos com a covid-19 que provocou uma diminuição à volta de 70% nas receitas do turismo e contribuiu para o aumento do desemprego e, consequentemente, da pobreza.
“Devido aos efeitos causados pela pandemia, Cabo Verde continua a passar por momentos difíceis: momentos de incertezas, de ameaças e desafios comuns a todos os países do mundo, (…) A depressão económica e a crise social provocadas pela pandemia interpelam à conjugação de todas as vontades da sociedade cabo-verdiana”, disse.
O líder do MpD, que se referiu às conquistas dos 46 anos da Independência Nacional, afirmou ainda que, no País, o império da lei do Estado de direito, funciona e que todos os cidadãos estão submetidos a este império, enquanto que as instituições da República, no quadro da sua missão, devem, além de cumprir e fazer cumprir a constituição e as leis, fiscalizar a sua integridade e vigar o seu integral cumprimento.
“Em democracia ninguém está acima da lei e a autoridade do Estado deve sempre prevalecer. Nós que somos eleitos do povo temos de dar exemplos. Todos são escrutinados. Desses escrutínios resultarão, a todo o tempo, a estabilidade política necessária ao nosso sistema de governo que, em Cabo Verde deve ser considerado um activo estratégico da nação”, acrescentou, indicando, que os desafios devido à gravidade da situação económica e social do País deve mover todos os partidos políticos com assento na Assembleia Nacional.
PAICV aponta novos desafios e falhas no sitema de transporte e na diplomacia
Para o líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), João Baptista Pereira, a data é de homenagem para o povo “destas ilhas” onde o reconhecimento deve ser a todas as gerações dos “predecessores que resistiram à dominação, às secas, às crises e às mortandades e a todos os processos que moldaram a nossa identidade”.
“Neste particular, incontornável se mostra a figura de Amílcar Cabral, uma personalidade que se imortalizou pelos seus feitos, que transcenderam os limites fronteiriços da Guiné e Cabo Verde para assumirem dimensão mundial, como, de resto, reconheceu a revista britânica BBC sobre a História Universal, que o distinguiu como o segundo líder que, a nível planetário, marca o século XX”, disse.
Segundo João Baptista Pereira, o retrato das ilhas que o mundo viu transformar-se em País e ascender à condição de independente e soberano, é hoje de orgulho de todos os cabo-verdianos e cabo-verdianas, no País e na diáspora, que se tornou na segunda melhor ‘Qualidade de vida Africana’, segundo o Índice de Progresso Social, sem esquecer o índice de Desenvolvimento Humano e sua evolução de forma contínua ao longo dos anos.
“Não obstante os muitos ganhos de que, hoje, orgulhamos, inúmeros são os desafios que persistem. Desafios próprios de um País pobre, ainda subdesenvolvido, apesar da sua graduação a País de rendimento médio, desprovido de recursos naturais e continuando a padecer da crônica ausência de um bem essencial-básico que é a água”, realçou, indicando que com a pandemia os desafios foram multiplicados.
Ainda segundo o líder parlamentar do PAICV, a covid-19 veio comprometer os ganhos conseguidos, evidenciando a pobreza e as desigualdades que, do seu ponto de vista poderá ser um dos factores que justifica o aumento da criminalidade que assola o País, apesar de considerar que o governo tem tentado “fechar os olhos a esta dura e chocante realidade”.
Além de referir-se sobre o turismo, a cultura, e a diplomacia cabo-verdiana que sempre pautou pelo princípio do Não Alinhado, sublinhou ainda que os transportes aéreos internacionais no que concerne às soluções desenhadas “falharam em toda linha” e o autismo, na “falta de transparência”, agravados pela insistência em um “negócio falido” e com consequências enormes para o País.
O líder parlamentar da União Cabo-verdiana, Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, ao fazer o seu discurso afirmou que o País e o seu povo devem a memorável data aos “Combatentes da liberdade da Pátria um favor incomensurável”.
UCID defende verdade e consenso para resolver os problemas em vários sectores
Para o líder parlamentar da UCID, a independência trouxe ao País e aos cabo-verdianos a responsabilidade de conduzi-la e a sorte que “cada cristão tem direito à sua gota de água”, responsabilidade que, na sua opinião, deve ser dos políticos em tudo fazer para que o cidadão possa realizar-se na plenitude.
“A independência é sem sombra de dúvida o maior feito da nossa história. Trouxe-nos muitos desafios e com estes, muitos erros foram cometidos. Mas a verdade, e é bom que se lhe diga, é que ganhamos um País e assumimos o nosso próprio destino”, disse, sublinhando que Cabo Verde tem, hoje, outros grandes desafios que começam com a verdade e o respeito pelas hierarquias quer sejam elas familiares, empresariais ou Institucionais.
Realçou ainda no seu discurso que a pandemia que abateu sobre o mundo e em Cabo Verde, em particular, deixará traços marcantes na vida das empresas, das famílias e dos cidadãos que só poderão ser mitigados com o envolvimento de todos.
Perante isso, salientou que a situação, nos diversos sectores, exige do Governo e da oposição união para uma melhor saída e sem protagonismos “exacerbados”, e defendeu uma regionalização que permita uma discriminação positiva de cada ilha e capaz de eliminar as assimetrias, promover o desenvolvimento equilibrado e estimular a competitividade em partes do espaço geográfico.
Em 05 de Julho de 1975, há precisamente 46 anos, Cabo Verde, antiga colónia de Portugal, se tornava num Estado soberano, com a proclamação da sua independência na voz do primeiro presidente da então Assembleia Nacional Popular, Abílio Duarte. A Semana com Inforpress