Morte de Jovem na esquadra: Julgamento marcado para amanhã

Está marcado para o próximo dia 17 deste mês de Outubro o julgamento de um dos policiais envolvidos no caso do jovem Hélder Delgado, que morreu após ser, supostamente, maltratado na esquadra da Brigada Anti-crime, em Fevereiro passado, na capital.


A NAÇÃO sabe que Adilson Freire (Manu), o agente que terá surpreendido a vítima dentro de sua residência, no bairro de Pensamento, deixou na passada sexta-feira, 29 de Setembro, a cadeia de São Martinho, onde estava detido preventivamente, desde meados do mês de Maio, por ordem do tribunal.


Os familiares do jovem dizem-se surpresos com a saída de Manu da prisão. “Estávamos todos ansiosos para o julgamento, mas com esta informação tememos que fique por se fazer a justiça”, diz o nosso informante.


Recorde-se que Hélder Delgado, que residia em Pensamento, foi detido em circunstâncias envoltas em contradições, com os familiares a acusarem o agente que o prendera de agressões fatais, que acabaram por levar à morte ainda dentro da esquadra da Achada de Santo António.


Entretanto a Polícia Nacional indicou que o jovem morreu por choque hipoglicémico e no hospital, para onde foi transferido após sentir-se mal na esquadra. O auto de transladação de cadáver, assinado pelo então delegado de saúde da Praia, indica que, além de choque hipoglicémico, o jovem foi vítima de politraumatismo. Já o boletim de óbito da Conservatória do Registo Civil da Praia aponta que o local do falecimento foi a esquadra policial.


Por seu turno, o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, revelou na altura que um inquérito interno concluíra que o agente deteve o jovem em flagrante delito a roubar em sua casa e os dois entraram em confronto físico, tendo o agente atingido-o com um pedaço de pau, alegadamente porque o assaltante encontrava-se armado com uma faca.


Depois de imobilizado e algemado, prosseguiu Rocha, o jovem foi transportado à esquadra, onde passou a noite, tendo sido conduzido, na manhã seguinte, ao hospital inanimado, onde acabaria por falecer mais de 10 horas após ser detido.


O ministro avançou ainda que três indivíduos que se encontravam detidos na mesma cela de Hélder relataram que durante a noite, por várias vezes, solicitaram auxílio do pessoal policial de serviço, porquanto o falecido estava em más condições, mas “não lhe foi dada a devida assistência”.


Na altura o MAI mandou também instaurar um processo disciplinar aos agentes de serviço, ao oficial dia e ao comandante adjunto dessa esquadra, por não terem prestado assistência ao jovem que acabaria por falecer. Este processo veria a ser arquivado, dois dias antes do Tribunal da Praia decretar prisão preventiva ao agente Manu, isto depois da Procuradoria-Geral da República ter apontado para “crime de homicídio”.


Portanto, diante do quadro acima descrito, caberá agora ao tribunal o cabal esclarecimento do caso, tendo o agente Adilson Freire como réu, uma situação não muito comum em Cabo Verde. Aliás, por causa disso, na altura da prisão de Freire, vários colegas seus de corporação exprimiram a este jornal o seu mal-estar face à forma como o mesmo estava a ser tratado.


GSF


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