Praia com mais um adolescente desaparecido: Familiares acusam autoridades de falta de colaboração na busca
Segundo escreve a Inforpress, o pai de Ismael Silva, Fredy Gomes, emigrante nos Estados Unidos da América, que se encontra de férias em Cabo Verde, disse que ele que está a fazer trabalho da polícia, percorrendo ladeiras, covões e beira-mar à procura do filho.
“Apenas um dia saíram comigo no carro porque disseram que o meu filho tinha sido visto em Achada Grande Trás e, partir daí, nunca mais fizeram nada e eu é que tenho estado a fazer o trabalho da polícia”, queixa-se Fredy Gomes, acrescentando que tem feito buscas durante dia e noite, mas sem resultados.
Segundo ele, a Polícia Marítima prometeu apoiar nas buscas e, apesar de terem combinado uma hora para saírem, “não compareceram”.
“Tenho esperança que vou encontrar o meu filho com vida”, afirmou Fredy Gomes, revelando que num desses dias o filho acedeu à sua página no Faceboock, mas não respondeu quando lhe pediu para voltar para a casa.
Por sua vez, o tio Iliandro Tavares avançou à Inforpress que se dirigiram à Polícia Judiciária (PJ) a pedir se podiam ajudar a família a localizar o telefone a partir do qual Ismael tinha estado a entrar no Faceboock e que, passada mais de uma semana, “ainda nada disseram nada, apesar de terem prometido uma resposta no dia seguinte”.
Segundo Iliando Tavares citado pela Inforpress, as pessoas têm dito que viram Ismael nesta ou naquela localidade, mas nunca alertam as autoridades policiais, quando sabem que ele está desaparecido e a família “muito preocupada”.
“Por isso, tenho dúvidas se, na verdade, têm visto o Ismael”, desconfia Iliandro Tavares.
Instado se o sobrinho sofre de algumas perturbações mentais, revelou que aos dois anos de idade Ismael sofreu uma queda de segundo andar e “não morreu por sorte”.
“Com o avançar da idade, ele começou a manifestar alguns problemas mentais e teve que ser internado no Hospital Psiquiátrico de Trindade”, avançou Tavares.
De acordo com o tio, Ismael estudou até 8º ano e foi desaconselhado a não prosseguir os estudos, por causa dos problemas que sofre.
A Inforpress contactou com a PJ, na pessoa do inspector José Luís Gonçalves, responsável da Secção Central de Investigação e Crimes contra Pessoas, mas este recusou-se a avançar qualquer informação relacionada com o caso do adolescente, alegando que a Polícia Judiciária dispõe de um gabinete de imprensa que “está autorizado a passar as informações”.
Mais sete pessoas desaparecidas
Desde Fevereiro de 2018, duas crianças, Clarisse Mendes (Nina) e Sandro Mendes (Filú), encontram-se desaparecidas e o País não sabe do paradeiro destes menores.
Ainda relacionado com o desaparecimento de pessoas em Cabo Verde, encontra-se também pendente o caso da jovem Edine Jandira Robalo Lopes Soares, que deixou a casa em Achada Grande Frente (Praia) alegando que ia levar o bebé para o controlo no PMI (Programa Materno-Infantil), na Fazenda, Cidade da Praia. Mãe e filho nunca mais foram vistos.
Edvânea Gonçalves, uma menina, também faz parte da lista negra das pessoas desaparecidas em Cabo Verde. Tinha dez anos quando saiu para fazer um mandado, a pedido da mãe, junto de uma vizinha a pouco mais de 100 metros da sua residência, e não voltou.
Neste caso, entretanto, Polícia Judiciária (PJ) informou em Junho de 2018, que ossadas encontradas em Janeiro do mesmo ano na localidade de Ponta Bicuda, Praia, pertenciam à criança de Eugénio Lima.
No concelho de Santa Catarina de Santiago terá também desaparecido, entre 2017 e 2018, um casal, que até agora não se sabe do seu paradeiro. Autoridades tinham, no entanto, informado que sequer este caso chegou a ser denunciado junto do Ministério Público.
Com este caso de Ismael, aumenta para pelo menos 8 pessoas desaparecidas em Santiago, sendo quatro crianças e quatro adultos.
País incapaz de descobrir paradeiro dos desparecidos
O país continua assim incapaz de descobrir o padeiro certo desses cidadãos, cujos familiares alimentam, no entanto, a esperança de poder vê-los um dia.
Entretanto, a 24 de Novembro de 2020, o Procurador-geral da República, Luís José Landim, garantiu, que as investigações sobre o desaparecimento das 4 crianças em Cabo Verde, há cerca de três anos, continuam.
“Só posso dizer que as investigações continuam e vamos até ao fim”, disse, segundo a Inforpress, precisando, entretanto, que o desaparecimento de pessoas é um processo por si complexo e que não depende só do trabalho de investigação, que, frisou, não tem faltado, tendo o País, inclusive, contado com o apoio da cooperação judiciária internacional e da polícia estrangeira especializada nesta matéria.
Ou seja, Cabo Verde continua incapaz de descobrir o padeiro certo desses cidadãos, cujos familiares alimentam, no entanto, a esperança de poder vê-los um dia.