EUA - Trump autoriza divulgação de milhares de ficheiros sobre o homicídio de JFK

Administração ordenou a publicação de 2800 documentos relacionados com o assassinato do 35.º Presidente dos EUA em novembro de 1963, parte dos 10% de registos que permaneciam confidenciais até hoje.

2800 é o número de ficheiros relacionados com o assassínio de John F. Kennedy cuja publicação foi agora autorizada por Donald Trump. A papelada foi colocada à disposição do público na quinta-feira pelos Arquivos Nacionais norte-americanos no seu site oficial sob ordens do atual Presidente, que decidiu, contudo, bloquear a divulgação dos restantes documentos relacionados com o caso por questões de "segurança nacional".

Em 1992, uma lei aprovada pelo Congresso veio ditar que todos os registos relacionados com o assassínio do Presidente Kennedy, um total de cerca de cinco milhões de páginas, deveriam ser tornados públicos 25 anos depois. O prazo terminava esta quinta-feira, o dia em que Trump assinou a ordem que autorizou a divulgação de parte deles, numa altura em que mais de 90% já estão no domínio público.

Há 54 anos que a morte do Presidente Kennedy tem alimentado inúmeras teorias da conspiração desde que foi baleado em Dallas, no Texas, em 1963. As alegações de que foi o governo quem mandou matá-lo deverão renascer com a publicação dos novos documentos, redigidos pela CIA, o FBI, o Departamento de Estado e outras agências federais que, até ao último minuto, tentaram manter determinados registos confidenciais.

No memorando que enviou aos chefes dos departamentos executivos Trump sublinhou que o público americano merece estar "totalmente informado sobre todos os aspetos deste evento essencial". "Por esse motivo", acrescentou, "ordeno hoje que o véu seja finalmente levantado".

Ao longo dos próximos seis meses, os documentos que permanecem confidenciais por incluírem passagens censuradas estarão a ser analisados. É possível que permaneçam em segredo quando esse prazo expirar a 26 de abril do próximo ano.

Segundo fontes da Casa Branca, o atual Presidente estava relutante em manter esta parte dos registos longe dos olhares públicos. Sobre isso, Trump escreveu no memorando: "Não tenho outra escolha hoje que não aceitar essa censura em vez de autorizar danos potencialmente irreversíveis à segurança da nossa nação."

O caso

Kennedy foi atingido a tiro a 22 de novembro de 1963 durante uma viagem pelo centro de Dallas numa limusine descapotável. O governador do Texas à data, John Connally, que seguia sentado à frente do Presidente, ficou ferido. Um agente da polícia, JD Tippit, também sucumbiu aos ferimentos de bala.

Um homem, Lee Harvey Oswald, foi detido e formalmente acusado pela morte de Kennedy e de Tippit, acusações que rejeitou, sugerindo que foi tramado pelos verdadeiros responsáveis. A 24 de novembro, dois dias depois do assassinato, Oswald foi morto a tiro na cave do departamento da polícia de Dallas por Jack Ruby, dono de uma discoteca local.

A explicação oficial

No seu relatório publicado em setembro de 1964, a Comissão Warren confirmou a versão de que foi Oswald quem disparou os tiros fatais contra a viatura do Presidente Kennedy a partir do Depositário de Livros Escolares do Texas, um edifício por onde a limusine passou.

"Não há provas de que Lee Harvey Oswald ou Jack Ruby tenham estado envolvidos em qualquer tipo de conspiração, doméstica ou internacional", concluiu a comissão. Em 1979, uma outra investigação de um comité da Câmara dos Representantes criada para o efeito concluiria, pelo contrário, que existe uma "elevada probabilidade" de ter havido dois atiradores envolvidos no ataque.

Que outras teorias há?

Algumas pessoas acreditam que houve, de facto, um segundo atirador, com outras a defenderem que o percurso percorrido pela bala que matou Kennedy demonstra que esta só pode ter sido disparada pela frente do veículo e não por trás como a polícia e a Comissão Warren sugeriram.

Um teste de parafina à bochecha de Oswald logo a seguir à sua detenção também indicou na altura que ele não tinha disparado qualquer espingarda. Contudo, a fiabilidade desse teste foi sempre questionada pelas autoridades.

A adensar as teorias da conspiração há ainda a versão de Connally, à data governador do Texas, que garante que não foi atingido pela mesma bala que Kennedy, contradizendo a versão oficial da Comissão Warren.


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