Arábia Saudita autoriza mulheres a entrarem em recintos desportivos

A partir do próximo ano, as mulheres sauditas vão passar a poder assistir a eventos desportivos em alguns estádios, um passo confirmado ontem pelas autoridades do país nem uma semana depois de o príncipe herdeiro ter anunciado que pretende devolver a Arábia Saudita ao "Islão moderado".

A decisão passa por autorizar a entrada de mulheres com as suas famílias em estádios de três grandes cidades sauditas — a capital, Riade, a par de Jeddah e Dammam. Há cerca de um mês, o reino já tinha dado o passo histórico de acabar com a proibição de as mulheres conduzirem num país onde as pessoas do sexo feminino estão sujeitas a duras regras de segregação de género há várias décadas.


Em comunicado, a Autoridade Desportiva da Arábia Saudita anunciou ontem que já estão em curso os preparativos para que os três estádios em questão "possam acomodar famílias a partir do início de 2018". No âmbito destas alterações, os estádios vão passar a ter restaurantes, cafés e ecrãs gigantes em determinadas zonas para que as mulheres possam assistir aos jogos ali. Até agora, todos os recantos dos estádios eram exclusivos para homens.


A mudança surge integrada num pacote de reformas alumiadas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman para modernizar a sociedade saudita e incentivar o crescimento económico, em marcha desde que foi nomeado para suceder ao seu pai em junho deste ano.


Batizado "Vision 2030", o pacote de reformas já viu a monarquia emitir um decreto que autoriza as mulheres a conduzirem veículos automóveis a partir de junho de 2018. A par disso, o príncipe Salman, 32 anos, também já autorizou a retomada de concertos no reino e espera-se para breve a reabertura de salas de cinema onde todos os cidadãos poderão entrar.


Na quarta-feira da semana passada, numa entrevista ao "The Guardian", o príncipe herdeiro tinha referido que o "retorno ao Islão moderado" é necessário tendo em conta que 70% da população saudita tem menos de 30 anos e que os jovens querem uma "vida em que a religião se traduza em tolerância".


Analistas dizem que o seu plano para modernizar a nação saudita envolve alguns riscos, nomeadamente perante a reação negativa dos homens mais conservadores do país — os mesmos que, em setembro, já tinham criticado o reino por ter autorizado as mulheres a entrarem no estádio Rei Fahd, em Riade, para as comemorações oficiais do seu feriado nacional.


Apesar dos recentes passos por mais igualdade de género, as mulheres continuam a enfrentar duras restrições no país sob os ditames do Wahabismo, a corrente do Islão sunita seguida na Arábia Saudita. Para já, continuam a ser obrigadas a cobrir-se quando saem à rua e a ter de pedir autorização ao seu "guardião masculino" quando querem viajar, trabalhar ou aceder a cuidados de saúde, para além de estarem proibidas de socializar com homens que n

ão pertençam à sua família.

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