126 milhões de americanos podem ter visto anúncios políticos com origem na Rússia

Twitter, Google e Facebook deram o seu testemunho aos comités do Congresso norte-americano que investigam a interferência russa nas eleições do ano passado.

O Facebook informou, nesta segunda-feira, que os operativos com ligações à Rússia fizeram cerca de 80 mil publicações na rede social durante dois anos com objectivo de influenciar a política norte-americana e que cerca de 126 milhões de americanos viram essas publicações.

Os dados mais recentes do Facebook sobre as publicações ligadas à Rússia – que, possivelmente, chegaram a cerca de metade da população dos EUA com idade para votar – excedem largamente os anteriores cálculos tornados públicos pela empresa. Estes últimos números foram incluídos num testemunho por escrito, a que a Reuters teve acesso, providenciado aos deputados americanos na sequência das audiências com a rede social e outras empresas tecnológicas sobre a interferência de Moscovo nas eleições.

Separadamente, o Twitter encontrou 2752 contas ligadas a russos, informou uma fonte com conhecimento sobre o testemunho escrito realizado por esta rede social.

O Google, detido pela Alphabet, disse num comunicado, também nesta segunda-feira, que descobriu que foram gastos 4700 dólares em anúncios com ligações a Moscovo durante as eleições presidenciais do ano passado, e que vai criar uma base de dados de anúncios eleitorais.

Está previsto que responsáveis do Facebook, Twitter e Google compareçam, esta semana, perante três comités do Congresso dos EUA que investigam a forma como a Rússia terá tentado espalhar desinformação nos meses que anteriores e posteriores às eleições.

O conselheiro geral do Facebook, Colin Stretch, disse, no testemunho escrito, que as 80 mil publicações com origem na Agência de Pesquisa de Internet russa eram uma pequena fracção do conteúdo no Facebook, equivalente a uma em 23 mil publicações.

No entanto, segundo escreveu Stretch, estas publicações violam os termos de serviço da rede social: “Estas acções vão contra a missão de construir uma comunidade do Facebook e tudo o que defendemos. E estamos determinados em fazer que pudermos para enfrentar esta nova ameaça”.

Estas 80 mil publicações foram realizadas, entre Junho de 2015 e Agosto de 2017. A maioria delas centrou-se em mensagens sociais e políticas divisórias, tais como as relações raciais.

O Twitter reviu as suas estimativas sobre a quantidade de contas ligadas à Rússia um mês depois de o senador democrata Mark Warner ter criticado a rede social por ter feito o que considerava ter sido uma investigação insuficiente.

O Twitter suspendeu todas as 2752 contas que ligou à Rússia e deu aos investigadores congressistas os respectivos nomes, disse uma fonte familiar com o testemunho da empresa.


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