Espanha está a desrespeitar os caudais mínimos nos rios ibéricos, acusa a ZERO

A Associação Sistema Terrestre Sustentável – ZERO apela a um consenso entre Portugal e Espanha na gestão das situações de seca e afirma que Espanha não está a garantir os caudais mínimos dos rios ibéricos Tejo, Douro e Guadiana. A associação avaliou os registos dos caudais em 2016 e 2017, e concluiu que houve vários períodos em que não foram assegurados. Os ministros do Ambiente de Portugal e Espanha vão estar reunidos no Porto num convénio sobre os rios ibéricos.

Francisco Ferreira, presidente da ZERO, considera que “é fundamental um entendimento entre Portugal e Espanha, na gestão das situações de seca. E isso parece-nos que tem que haver uma maior transparência, para facilmente se perceber se a convenção está ou não a ser cumprida”.

“É dificílimo para nós, e não conseguimos olhar para parte dos dados porque eles não estão na internet, não são acessíveis quer da parte portuguesa, quer da parte espanhola”, acrescentou.

Para a associação ambientalista há outra questão crucial: “Os caudais semanais que estão previstos, nomeadamente para o Tejo e para o Douro estão muito abaixo daquilo que nós gostaríamos".

“Eram desejávéis caudais na ordem do dobro daquilo que nós temos e que fossem fixados caudais diários para estes rios. Claro que uma situação de seca é sempre uma exceção e aí é muito importante ter situações coordenadas, o que não está a acontecer”, frisou.

Para o ambientalista, Portugal está numa posição negocial mais complicada, “porque estamos a jusante de Espanha. Mas esperamos que os ministros se entendam no sentido de garantir uma quantidade e qualidade de água suficientemente boas”.
Douro, Tejo e Guadiana
A associação ambientalista deu conta de incumprimentos dos caudais mínimos por parte das autoridades espanholas.

“No caso do Douro, não foi garantido, para o ano hidrológico, o caudal integral anual", explica Francisco Ferreira, que ressalva que Espanha declarou em junho uma situação de seca. "Que não sabemos se foi comunicada a Portugal como sendo um regime de exceção”, afirmou Francisco Ferreira, presidente da ZERO.

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