Líder Sinapol e Greve da Polícia Nacional: Governo deu uma “machadada” ao colocar formandos a fazer o trabalho policial
O presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), José Barbosa, considerou hoje,28, que o Governo deu uma “machadada” ao colocar os formandos a fazerem o trabalho policial e que esta medida é uma “afronta” para a classe. Tudo indica que a medida pode ser também ilegal.
José Barbosa, que falava hoje, à imprensa, momentos antes de partirem para mais um dia de greve, seguido de manifestação, disse que essa medida é uma ofensa para os agentes policiais que estão a lutar pelos seus direitos e pode colocar em risco a vida da população e dos próprios formandos, já que “não têm nenhuma experiência e não sabem como lidar com certas situações”.
O presidente sindical assegurou que a adesão à greve a nível nacional ronda os 99 por cento (%), e que as afirmações do Governo são “uma autêntica farsa”, “descabidas e sem nenhum fundamento”, tendo realçado que “as imagens falam por si”.
Revelou ainda que existe um princípio interno na Polícia Nacional de que durante o mês de Dezembro não são atribuídas férias nem folgas, e reiterou que as afirmações do governante em relação a esta questão são “falsas e descabidas”.
“A greve de três dias é para continuar, já que não houve nenhuma tentativa ou abertura da parte do ministério, mas o chefe do Governo terá de entender que com o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, já não há mínimas condições de negociações e nem é preciso estar a inventar truques para tentar driblar essa situação”, informou, garantindo que a Sinapol está disponível caso o Governo queira sentar-se à mesa para negociação.
Entretanto afirmou que já não tem confiança no ministro, que disse que não assinou nenhum documento, quando o mesmo rubricou um memorando onde assumiu que a partir de Janeiro de 2018 haveria atualização salarial na Polícia Nacional.
Questionado sobre as ameaças do ministro de que os agentes que aderiram à greve serão responsabilizados disciplinar, criminal e civilmente, uma vez que não cumpriram a requisição civil, José Barbosa considera que é uma “autêntica aberração” e que despacho dessa natureza só advém de pessoas que estão “totalmente desorientadas”.
Em relação à demissão de Faustino Moreno Sanches, do cargo de vice-presidente da (Sinapol), José Barbosa disse que é um caso “minúsculo, medíocre e sem importância” para a classe.
Os agentes da PN reivindicam actualização salarial, redução da carga horária, introdução de um regulamento de trabalho e pagamento, com efeitos retroactivos, do subsídio de condição policial aos agentes da Guarda Fiscal, o pagamento de 25% sobre o vencimento, enquanto subsídio de condução, ao pessoal da PN que exerce, cumulativamente, as funções de condutores.
Para alguns policiais, tudo indica que colocar formandos a fazer trabalho de policia pode ser ilegal. O pior é se acontecer casos de criminalidade greves, estando os mesmos a dirigir e instruir os autos de notícia dos mesmos. C/Inforpress