Coreia do Norte reabre canal de comunicações diretas com o Sul

A Coreia do Norte reabriu esta quarta-feira o canal de comunicações diretas com a Coreia do Sul, para facilitar as negociações entre os dois países para a eventual participação de Pyongyang nos Jogos Olímpicos de Inverno, que vão decorrer em fevereiro na cidade sul-coreana de PyeongChang.

Durante a madrugada em Lisboa, a agência estatal sul-coreana noticiou que a linha de comunicações, suspensa pela Coreia do Norte no início de 2016, ia ser restaurada pelas 15h30 locais (6h30 da manhã em Portugal continental) — uma decisão surgida dois dias depois de Kim Jong-un ter aproveitado o seu discurso de ano novo à nação para estender a mão ao vizinho a Sul, dizendo que está "aberto a dialogar" com Seul e a enviar uma equipa para as Olimpíadas.

Ontem, em resposta a Kim, o Presidente sul-coreano sugeriu um encontro entre delegações dos dois países para o dia 9 de janeiro, próxima terça, para discutir a participação de atletas norte-coreanos nos Jogos bem como "outros assuntos de interesse mútuo para melhorar as relações intercoreanas”. Não há comunicações diretas de alto nível entre as duas Coreias desde dezembro de 2015, com Pyongyang a suspender a linha telefónica no início do ano seguinte e a recusar-se a atender as chamadas do Sul.

Ontem, um oficial norte-coreano tinha aparecido na televisão estatal ao final do dia para anunciar que a linha direta ia ser reaberta hoje, por forma a que as duas nações possam discutir os Olímpicos. "Vamos debater questões de trabalho sobre o nosso potencial envio de uma delegação", citou a agência Yonhap, horas depois de Seul ter declarado que a participação do Norte será bem-vinda.

Na segunda-feira, Kim sugeriu que as relações entre os dois países devem ser "descongeladas" e sublinhou que a participação de atletas nos Olímpicos de Inverno no país vizinho seria "uma boa oportunidade para mostrar a união do povo" da Coreia do Norte. Em resposta, o líder sul-coreano, Moon Jae-in, que passou a campanha para as presidenciais a prometer reabrir o diálogo com o Norte, falou numa "oportunidade inovadora" para melhorar as relações entre as duas Coreias.

Ainda não é certo se Pyongyang vai aceitar enviar uma delegação para a chamada "aldeia da trégua" a 9 de janeiro a fim de manter discussões de alto nível com o Sul. A reabertura do canal de comunicações permitirá que haja conversas preliminares antes desse potencial encontro, dois anos depois de o Norte ter cortado essa linha em fevereiro de 2016 por causa de uma disputa sobre o complexo industrial conjunto de Kaesong.

Na terça, e alumiada pelo discurso de Kim, a Coreia do Sul tentou telefonar ao Norte mas ninguém atendeu o telefone. Com o anúncio da restauração de comunicações diretas esta quarta, o porta-voz do Presidente Moon falou num passo "muito significativo" que "cria um ambiente em que a comunicação é possível a qualquer momento".

Entretanto, Donald Trump já respondeu aos avisos que lhe foram deixados por Kim nesse mesmo discurso, quando o líder norte-coreano disse que mantém "sempre em cima da mesa" um botão para lançar ataques nucleares contra a América continental. No Twitter, o Presidente norte-americano sublinhou que as sanções económicas contra o Norte por causa dos seus programas nuclear e de mísseis bem como a pressão externa sobre Pyongyang "estão a começar a ter um grande impacto" e voltou a alimentar a guerra de palavras que tem marcado as relações entre ambos.

"O líder norte-coreano Kim Jong-un acabou de dizer que 'o botão nuclear está na mesa dele a todos os momentos'. Alguém do seu regime exaurido e esfomeado por favor o informe que eu também tenho um botão nuclear, mas que o meu é muito maior e mais poderoso que o dele, e o meu botão funciona!"


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