Casos de raptos de pessoas em Cabo Verde: Pais recordam dois meses após o misterioso desaparecimento da menina de dez anos de Eugénio Lima

Os casos recentes de raptos de pessoas em Cabo Verde continuam a dar que falar. Essas tragédias - envolvem duas crianças e uma mulher - são lembradas, neste domingo, com o caso de Edvânea Gonçalves, 10 anos de idade, que faz hoje,14, dois meses que se encontra desaparecida da casa dos pais em Eugénio Lima de Santiago. Estes continuam, conforme revelam ao Inforpress, com “fé e esperança” de que a filha vai voltar ao seio da família.


Está a constituir motivo de preocupação por parte de cidadãos o facto das instituições nacionais não estarem a desvendar o mistério relacionado com o desparecimento de pessoas em Cabo Verde - registou-se dois casos com três raptados em 2017 na Praia.

Conforme alertam dirigentes políticos e de instituições religiosas, presume-se que atrás de tudo isso esteja alguma organização criminosa, que fazem raptos com eventual tráfego de pessoas. É que, segundo fundamentam as mesmas fontes, se os raptados se encontravam entre nós provavelmente já teriam sido descobertos, já que Cabo Verde é muito pequeno para se esconder pessoas por muito tempo.

A pensarem nisso, os críticos sugerem ser necessário apertar o controlo e a fiscalização das embarcações, principalmente os iates e barcos de pesca que, por insuficiência da fiscalização por parte das autoridades marítimo-portuárias, podem lançar-se ao mar a qualquer momento e durante a noite, levando a bardo o que quiserem.

Os acontecimentos dramáticos referidos foram lembrados, neste domingo, com o caso de Edvânea Gonçalves, de Eugénio Lima. É que foi a 14 de Novembro que Edvânea saiu de casa para fazer um mandado da mãe Lúcia Helena Carvalho Gonçalves, a menos de 100 metros da residência, não tendo sido vista até hoje.

“Acreditamos que a nossa filha está viva e pedimos a quem a tem presa, que a liberte porque estamos a sofrer”, pedem os pais, através do repórter da Inforpress que falou com eles nas vésperas de completar 60 dias sobre o desaparecimento da pequena Edvânea.

O pai Vladmir Emanuel Gonçalves Carvalho, um fuzileiro naval das Forças Armadas, continua expectante que a filha será encontrada para se juntar ao resto da família que, neste momento, está “muito abalada”, segundo ele.

“Pensem no nosso sofrimento e na instabilidade da nossa família”, apela Vladimir Carvalho àqueles que raptaram a sua filha.

Neste momento, diz ele, não quer saber do raptor, mas sim da filha, pelo que reforça o apelo no sentido de, pelo menos, deixarem a Edvânea o mais perto possível da casa para que ela se junte á família.

“Ela é inteligente e chegará a à casa sozinha”, afiança Vladmir Carvalho.

Segundo a Inforpress, os pais acreditam que a filha não foi levada para fora do país e, por isso, alimentam a esperança que um dia será encontrada para a alegria da família.

“Até se provar o contrário, acreditamos que a Edvânea está em Cabo Verde, mantida em casa de alguém e sem a liberdade de estar com a sua família, afirmam, convictos, os pais, acrescentando ser “difícil” esquecerem-se da filha que faz parte de um grupo de quatro irmãos.

Riane Gonçalves, cinco anos de idade, não esconde a vontade de ver a irmã Edvânea de regresso à casa.

“Quero que ela venha para a casa”, desejou a irmã mais nova.

“Não estamos a conseguir ter sono tranquilo durante a noite, porque pensamos sempre na nossa filha que está desaparecida”, afirmaram à reportagem da Inforpress, num ambiente de angústia e tristeza.

Hoje, sempre que os seus telemóveis tocam os seus pensamentos vão no sentido de que alguém está a transmitir-lhes alguma notícia boa sobre o aparecimento da filha de dez anos, que é tida como uma “menina inteligente e esperta”.

Falta de solidariedade e críticas de entidades políticas e religiosas

Vladmir Emanuel Carvalho não esconde a sua “indignação” pelo facto de nenhuma autoridade do país se ter manifestado a sua solidariedade para com a família, sendo ele um militar que jurou defender a Pátria em quaisquer circunstâncias, assim como aqueles que governam o país.

Edvânea, estudante da quinta classe, mora a menos de 20 metros da escola que frequenta. Mas, nesse dia 14 de Novembro, faltou às aulas, que, segundo o pai, “não é habitual” para a filha.

“É uma menininha muito quieta e tranquila e raras vezes leva uma correcção da parte dos pais”, afirmou Vladmir Carvalho.

Entretanto, o desaparecimento de pessoas em Cabo Verde tem inquietado a sociedade civil.

Recentemente, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), Janira Hopffer Almada, manifestou-se preocupada com o desaparecimento da pequena Edvânea e também da jovem que ainda continua com paradeiro desconhecido e pediu á comunicação social para não deixar que estas duas situações caiam no esquecimento.

Num curto período de tempo, contabilizaram-se três pessoas desaparecidas. A 28 de Agosto, Edine Jandira Robalo Lopes Soares, 19 anos, conhecida por Loke, deixou a casa alegando que ia levar o bebé para o controle no PMI (Programa Materno-Infantil), na Fazenda, Praia. Até hoje a mãe e filho continuam desaparecidos.

Para o Cardeal Dom Arlindo Furtado, a situação de desaparecimento de pessoas em Cabo Verde é “muito preocupante, grave e chocante” e, segundo ele, há “qualquer coisa que está a acontecer que não dá para entender”.

O bispo da Diocese de Santiago aventa à possibilidade de haver “uma organização criminosa com intenções desconhecidas”.

O prelado mostrou-se preocupado, sobretudo com o desaparecimento de crianças, crime esse que classifica de “hediondo e gravíssimo”.

Para Dom Arlindo, esta situação tem de ser resolvida e desmantelado o grupo de raptores.

Por outro lado, alerta as famílias, autoridades e a todos os cidadãos em geral a estarem mais atentos e dispostos a contribuir no sentido de prevenir, evitar e denunciar esse tipo de crime.

O cardeal manifestou solidariedade aos familiares das vítimas e interpela a ajuda de Deus para que a situação seja resolvida de forma rápida com toda a eficácia possível.

A Inforpress sabe que as autoridades policiais, nomeadamente a Polícia Judiciária (PJ) estão no terreno na tentativa de encontrar as vítimas e identificar os criminosos. Mas até esta nada descobriram. Por isso, pergunta-se onde está o Serviço da Informação da República -SIR. C/Inforpress


Categoria:Noticias

Deixe seu Comentário