Nampula, norte de Moçambique, vai a votos para substituir autarca assassinado

O município de Nampula, no norte de Moçambique, realiza eleições intercalares na quarta-feira com cinco candidatos a tentar suceder a Mahamudo Amurane, morto a tiro à porta de casa a 04 de outubro.

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que venceu as últimas eleições municipais em Nampula, em 2013, vai tentar segurar a liderança com a candidatura de Carlos Saíde, 47 anos, empresário, vereador da equipa de Amurane.

A Frente de Libertação de Moçambicano (Frelimo), partido no poder em Moçambique desde a independência, em 1975, aposta em Amisse Cololo, 58 anos, docente e dirigente partidário, enquanto a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) apresenta Paulo Vahanle, 57 anos, docente e deputado na Assembleia da República.

A Renamo, maior partido da oposição (o MDM é a terceira força do parlamento), regressa ao confronto eleitoral depois de ter boicotado as eleições autárquicas de 2013, pelo que há expetativa em saber como vão ser redistribuídos os votos.

Em 2013, sem a Renamo, o MDM teve 53,84% dos votos e a Frelimo arrecadou 41,04% da votação.

Além dos três partidos representados no parlamento moçambicano, há outras duas candidaturas nos boletins de votos: Filomena Mutoropa é a única mulher na corrida, pelo Partido Humanista de Moçambique (Pahumo), e Mário Albino Muquissince lidera a lista da Acção Movimento Unido Para Salvação Integral-Nampula (Amusi).

Ganhe quem ganhar, o mandato vai ser curto, uma vez que as eleições autárquicas em Moçambique já estavam marcadas para 15 de outubro, daqui a pouco menos de nove meses, quando Mahamudo Amurane foi assassinado.

A figura lembrada dentro do país e por parceiros como um promotor do combate à corrupção foi abatida à queima-roupa à porta de casa no dia 04 de outubro, data em que se celebra o Dia da Paz em Moçambique.

Individualidades e entidades ouvidas pela Lusa deixaram um apelo às autoridades para que investiguem o caso por forma a que este não seja mais um homicídio de uma figura pública que fica por resolver no país.

Apesar de resultar de um crime, o ato eleitoral acontece depois de uma campanha calma.

"A campanha eleitoral para a eleição intercalar em Nampula foi uma surpresa agradável pela ausência de atos de violência entre os apoiantes dos cinco concorrentes", referiu a organização da sociedade civil moçambicana CIP - Centro de Integridade Pública, num relatório publicado na segunda-feira.

"Houve alguns casos de violação da lei, com o uso de meios de Estado e colagem de material de campanha em locais proibidos, mas apenas nos primeiros dias", acrescentou.

Com 296.590 eleitores inscritos, a votação vai decorrer em 401 mesas de voto do município de Nampula, das 07:00 às 18:00 (das 05:00 às 16:00 em Lisboa), iniciando-se logo depois a contagem dos votos.

O apuramento acontece já durante a noite e "um dos incidentes frequentes é o corte de energia elétrica, o que tem motivado desconfianças", refere o relatório do CIP.

No caso das intercalares de Nampula, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) já anunciou que dispõe de lanternas com capacidade de funcionamento de oito horas, para evitar percalços, acrescenta o documento.

Ainda de acordo com a CNE, estão credenciados 1.072 observadores nacionais, 49 observadores internacionais e 118 jornalistas para acompanhar as eleições - sendo que o processo de credenciação continua até ao dia da votação.

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