"Agora quero ser candidato", clama Lula da Silva

É um desafio. José Inácio Lula da Silva, o candidato da esquerda brasileira às presidenciais no Brasil, recusa lançar a toalha ao chão e, apesar de ver agravada a pena a que havia sido condenado, mantém-se no ringue político e pronto, mais do que nunca, para lutar pelo Palácio do Planalto. As sondagens dão-lhe razão e os analistas acreditam que o antigo Presidente tem ainda 30 por cento de hipóteses de se lançar na corrida.

Na noite passada, três horas depois de ser condenado pelo Tribunal Federal Regional de Porto Alegre, o antigo Presidente prometia a militantes e sindicalistas que, em vez de o desanimar, a decisão lhe deu uma coceirinha para continuar pré-candidato ao Planalto.  Agora quero ser candidato à Presidência", disse, prometendo não dar descanso aos rivais. "Pobres daqueles que acham que prendendo o Lula acaba a luta. Quero avisar a elite: esperem que vamos voltar". Os números e a possibilidade de novos recursos, para instâncias superiores até ao Supremo Tribunal, permitem-lhe o discurso.

O revés sofrido "complica a corrida de Lula às presidenciais mas não a para", explica à agência France Presse um analista da Capital Economics. "Tem cerca de 30 por cento de possibilidades de acabar por participar", calcula.

É a mesma conclusão dos analistas do Eurasia Group sobre a elegibilidade do líder da esquerda. "A sua aposta presidencial não foi enterrada apesar da conclusão ter sido a pior para Lula", referem à AFP. "Por isso, não colocamos as suas hipóteses de concorrer abaixo dos 30 por cento".

Lula da Silva foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por ter recebido um apartamento triplex de 300 m2 no Guarujá, no âmbito do processo Lava Jato. Recorreu da sentença mas, esta quarta-feira, viu os três juízes do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre agravarem por unanimidade a condenação, para 12 anos e um mês.
Evitar "que eu seja candidato"
O antigo Presidente acompanhou o julgamento de Porto Alegre na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, ao lado de antigos companheiros de jornada. Antes do veredicto disse aos militantes que esperava ser absolvido por 3 a 0. "A portas fechadas, porém, não escondeu o abatimento", escreve o jornal paulista O Estadão.

Os magistrados dizem que o grau de culpabilidade de Lula da Silva é muito grande. O seu advogado - e, de forma geral, os seus defensores - contesta e argumenta com falta de provas.

Já Lula fala de um pacto, entre a Justiça e a imprensa, para acabar com ele e com o seu partido, o PT. Diz "respeitar a decisão" mas não a "mentira" em que ela se baseou.

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