Juan Manuel Santos à RTP: "Fazer a paz é mais difícil do que fazer a guerra"

O Presidente da Colômbia considera que apesar de haver muitos locais com situações tensas não se vive uma situação de guerra mundial. Juan Manuel Santos insiste no entanto que estes aumentos de tensão são uma “má tendência”. No programa Fronteiras XXI, o Nobel da Paz 2016 fala ainda sobre a paz com as FARC e insistiu que é mais difícil fazer a paz do que a guerra "porque é preciso ensinar as vítimas a perdoar e a mudar de atitude". Juan Manuel Santos critica Nicolás Maduro e deixa elogios a Portugal.

O Nobel da Paz de 2016 nota que a situação na Coreia do Norte preocupa o globo, bem como a situação na Síria e no mundo árabe. Questionado sobre o primeiro ano de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, Juan Manuel Santos afirma ser “difícil classificá-lo” porque tem “sido um governo com surpresas permanentes” e sem uma estratégia clara.

“É difícil encaixá-los numa definição de qual é a política externa dos Estados Unidos. É evidente que a sua a política de ‘América Primeiro’ está a opor-se ao multilateralismo e à cooperação que o mundo tem preparado”, explica o convidado especial do Fronteiras XXI subordinado ao tema "Uma guerra em lume brando?".

Juan Manuel Santos acrescenta que a política de priorizar o seu país não deveria ser incompatível com políticas de comércio livre e com as organizações como as Nações Unidas.

“Não deveria haver uma contradição. Infelizmente, aquilo que se assiste é que esta política está a entrar em conflito com as instâncias de cooperação internacional e isso não é uma boa tendência”, lamenta o líder colombiano.
Rumo à paz na Colômbia
O Presidente da Colômbia recebeu o prémio Nobel da Paz em 2016 pelo seu papel no fim do conflito armado com as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (FARC). Juan Manuel Santos recordou dois momentos “muito difíceis” neste processo.

“No início quando se fez uma operação contra o então líder das FARC. Foi um momento muito difícil porque pôs à prova a verdadeira vontade das FARC de entrar nas negociações de paz. Felizmente esta vontade esta presente e conseguimos avançar”, elucida.

O segundo momento que destaca é o momento final, quando 11 soldados colombianos foram assassinados. “Houve uma pressão dura para romper as negociações. Eu não queria acabar com as negociações porque isto era uma parte das regras de jogo que nos tínhamos imposto. Dolorosas mas reais. Por isso continuámos”, explica agora o líder colombiano.

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