China prepara-se para abolir limitação de mandatos do Presidente
Postado
26/02/2018 07H24
O Partido Comunista
Chinês vai propor a remoção do limite de dois mandatos para o cargo de
Presidente que consta na Constitução. A proposta, conhecida este
domingo, aguarda a aprovação da Assembleia Nacional Popular, que deverá
dar luz verde ao reforço do poder de Xi Jinping, que ocupa o cargo desde
2013. A proposta foi anunciada este domingo através da agência estatal Xinhua e
pretende acabar com a limitação de dois mandatos para o cargo de
Presidente, mas também para o cargo de vice-presidente do país. A
concretizar-se, esta alteração da Constituição seria uma das mudanças
políticas mais significativas da política chinesa em várias décadas.
Segundo a agência de notícias, a liderança do partido “propôs a
eliminação da expressão da Constituição que diz que o Presidente e o
vice-Presidente da República Popular da China não podem servir o país
por mais do que dois mandatos consecutivos”.
O Partido Comunista da China prevê ainda incluir o “Pensamento de Xi Jinping” (“Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com as características Chinesas para uma Nova Era”)
na Constituição do país, depois de ter elevado o seu nome e as suas
ideias ao estatuto de líderes como Deng Xiaoping, que liderou
importantes
reformas económicas, e Mao Tsé-Tung, fundador da República Popular,
durante o último congresso quinquenal do partido, realizado em outubro.
Estas propostas de alteração à Constituição vão ser votadas na
Assembleia Nacional Popular, órgão máximo legislativo na China, que é
composta maioritariamente pelo Partido Comunista Chinês. A sessão anual
desta assembleia decorre no próximo dia 5 de março.
Atualmente, o Presidente chinês é eleito a cada cinco anos, com um
limite máximo de dois mandatos consecutivos. Xi Jinping, que chegou à
presidência em 2013, foi reeleito no ano passado e ficaria no poder pelo
menos até 2023.
Com estas alterações, Xi Jinping, atualmente com 64 anos, poderá ser
desta forma o Presidente mais duradouro em várias décadas. Apenas Deng
Xiaoping e Mao Tsé-Tung lideraram por mais de dez anos na História da
República Popular da China.
Hu Jintao e Jiang Zemin, antecessores imediatos de Xi Jinping,
respeitaram o limite de dois mandatos previsto pela Constituição chinesa
desde os anos 90. Exceção feita para Jiang Zemin, que liderou o partido
durante os protestos de Tiananmen e assumiu a presidência entre 1993 e
2003. No final dos dois mandatos, Jiang tentou conservar o poder através
da liderança que ainda exercia sobre os meios militares.
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