AN debate economia marítima: PAICV denuncia desmantelamento do sector com perda de um milhão de euros de financiamento, Governo faz leituras contrárias e informa sobre Zona Económica Especial de Mindelo

O deputado do PAICV por São Vicente, João do Carmo, interpelou hoje,28, no período da manhã, o Governo sobre a Economia Marítima, considerando que o executivo suportado pelo MpD «desmantelou o sector» no decurso destes dois anos de exercício, perdendo um financiamento no valor de um milhão de euros através da Cooperação Luxemburguesa. Já o ministro da Economia Marítima, José Gonçalves, insurgiu-se, como aconteceu com alguns deputados do MpD, contra tais declarações, ao mesmo tempo que informou, entre outros projectos, ser para curto prazo a montagem da Zona Económica Especial de S.Vicente.


A interpelação feita ao Governo sobre a economia marítima foi um dos pontos que aqueceu a sessão de hoje da Assembleia Nacional. Além do desmantelamento do sector que comparou com a destruição da frota da marinha mercante cabo-verdiana na década de noventa pelo MpD, o porta-voz da bancada do PAICV, João do Carmo, trouxe à ribalta a perda dos financiamentos, assegurados através da Cooperação Luxemburguesa, do Núcleo Operacional de Cluster do Mar (NOCMAR), estimados em um milhão de euros. Tudo, segundo o deputado tambarina, pela incompetência do actual executivo de Ulisses Correia e Silva.

Também ao usar da palavra na mesma sessão, o parlamentar do PAICV por São Vicente, Manuel Inocêncio Sousa, que já tutelou a Economia Marítima nos governos do PAICV, concordou com o seu colega João do Carmo, afirmando que o sector da economia marítima se encontra “estagnado há dois anos”.

“Então isto não é imobilismo?», questionou Manuel Inocêncio, citado pela Inforpress.

Relativamente aos transportes marítimos interilhas, o deputado do maior partido da oposição afirmou não vislumbrar as rotas rentáveis que irão cobrir todas as rotas deficitárias, ao ponto de se pensar na supressão de subsídios.

“Tenho dúvidas sobre o que o Governo pretende para o sector”, concluiu Inocêncio.

Governo rebate e apresenta dados

Ainda na mesma sessão da AN, o ministro José Gonçalves falou na extinção da Cabo Verde Fast Ferry, tendo o deputado Júlio Correia, do PAICV, considerado “difícil um governo enjeitar os riscos dos transportes marítimos interilhas” e alertado o executivo para a assunção das “suas responsabilidades”. “Não sou contra negócios, mas é também preciso governar”, concluiu Júlio Correia.

Entretanto, ao usar da palavra sobre o tema em debate, o deputado Emanuel Barbosa, do MpD, rejeitou o termo “desmantelar”, considerando que o governo do PAICV deixou “uma mão cheia de nada” no sector da economia marítima.

“Deixaram vários acidentes marítimos com perdas de vidas humanas”, disse, segundo a Inforpess, sublinhando: “Prefiro mil vezes o desengajamento deste Governo, ao engajamento do vosso Governo”, concluiu.

Conforme a mesma fonte, o ministro José Gonçalves voltou a usar da palavra para reagir às críticas do PAICV relativamente à entrada em funcionamento da Zona Económica Especial de São Vicente, tendo afirmado não se tratar de “algo que se faz a curto prazo. Implica articulação de várias peças, a procura de parceiros com experiência. Estas coisas levam tempo”, indicou o governante.

Contudo, José Gonçalves apontou que dentro de seis meses termina o planeamento, ao que se seguirá a articulação com investidores que já manifestaram interesse no sector.

Referindo-se à perda de um milhão de euros da cooperação luxemburguesa, o titular da pasta da Economia Marítima justificou que, entre outros constrangimentos, se deveu ao processo que o actual governo encontrou incompleto e às exigências do financiador do NOCMAR para que o projecto fosse explorado por privados.


Categoria:Noticias

Deixe seu Comentário