Agricultores no Porto Novo: Falta de estrada pode comprometer barragem e futuro da agricultura em Chã Branquinho
Os agricultores locais dizem recear que o isolamento de Chã de Branquinho possa comprometer essa infra-estrutura hidráulica, que custou 25 mil contos, e o próprio futuro da agricultura nessa localidade, onde “uma grande quantidade de água” continua a ir para o mar, devido à inoperância da barragem, alertam.
No caso da barragem, inoperante há quase ano e meio, na sequência das cheias de Setembro de 2016, os lavradores temem que a sua recuperação deva exigir intervenções com equipamentos pesados, que não podem chegar à essa localidade por falta de estradas.
A barragem subterrânea de Chã de Branquinho, com capacidade de mobilização de 350 mil metros cúbicos de água/ano, sofreu em 2015, com o furação Fred, avultados danos, e, em 2016, com as cheias em Santo Antão, voltou a ficar seriamente afectada, uma situação que está a preocupar os agricultores.
Para a associação local dos agricultores, a falta de uma estrada poderá comprometer o futuro da própria actividade agrícola em Chã de Branquinho, que, há anos, clama, pelo desencravamento.
Por causa do isolamento, os agricultores têm “sérias dificuldades” para fazer o escoamento dos seus produtos, alerta essa associação, informando que a construção da estrada de acesso constitui, “sem dúvidas, o maior sonho” dos lavradores e da comunidade, no geral.
Projecto para recuperação da Barragem
O Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) tranquiliza os agricultores, garantindo que a barragem subterrânea de Chã de Branquinho vai ser recuperada, “dentro de pouco tempo” , uma vez que o processo já está em curso.
O delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) no Porto Novo, Joel Barros, explicou que a recuperação dessa infra-estrutura, sobretudo, do sistema de bombagem, danificada pela cheias de 2016, está prevista dentro do pacote destinado ao MAA, no quadro do programa de recuperação de Santo Antão.
Segundo este responsável, foram já adquiridos novos equipamentos, que, “dentro em breve”, estarão a ser instalados pelos técnicos da Sonerf (Sociedade Nacional de Engenharia Rural e Floresta), que tem a seu cargo a recuperação dessa barragem.
A recuperação dos danos a nível do sector agrícola exigiu verbas na ordem dos 320 mil contos.
No sector da agricultura, mais de 70 projectos ligados, designadamente, à recuperação de infra-estruturas hidráulicas, danificadas durante as cheias, foram implementados no quadro do programa de reconstrução de Santo Antão, financiado pela União Europeia, em sete milhões de euros ( 770 mil contos).
O encravamento de Chã de Branquinho tem sido, também, motivo de preocupação por parte dos emigrantes naturais desse povoado, que já manifestaram desejo de investir no local, mas a falta de uma via de acesso tem vindo a condicionar essa vontade.
Faial e Dominguinhas, em Alto Mira, são outras zonas agrícolas ainda encravadas no interior do município do Porto Novo. Fonte: Inforpress