Parlamento cubano inicia escolha de novo Presidente. O fim da era Castro?
Começa esta quarta-feira a sessão para a constituição do novo Parlamento de Cuba, a última etapa de um longo processo que só termina com a escolha de um novo Chefe de Estado. Desde 1959, ano da revolução cubana, que o país é comandado pela dinastia Castro, primeiro durante várias décadas com Fidel, nos últimos dez anos com o irmão Raul. Mesmo assim, a saída do apelido Castro dos corredores do poder em Havana poderá não ser definitiva. A braços com grandes desafios económicos e sociais, o novo Presidente de Cuba deverá enfrentar igualmente a incerteza da atual relação com os Estados Unidos.
A sessão constitutiva da IX Legislatura do Parlamento estava prevista
para quinta-feira, mas o Conselho de Estado de Cuba decidiu antecipar o
início dos trabalhos para esta quarta-feira, a partir das 9h00 locais
(mais cinco horas em Lisboa), no Palácio de las Convenciones, em Havana,
onde fica sediada a Assembleia Nacional, câmara parlamentar única do
sistema cubano.
“Esta decisão foi tomada de forma a facilitar o desenvolvimento das
etapas exigidas por uma sessão de tal importância”, podia ler-se num
comunicado oficial divulgado na última segunda-feira pelos media locais.
De facto, o dia é histórico para o país, ou não fosse este um dos
últimos passos antes de Raul Castro abandonar o poder. Pela primeira vez
desde final dos anos 50, Cuba terá um Presidente sem o apelido Castro,
mas isso não significa o fim da influência de dois líderes que ficaram
na história.
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A sessão decorrerá durante dois dias e deverá terminar na quinta-feira,
coincidindo com o 57.º aniversário da invasão da “Baía dos Porcos”,
altura em que tropas anti-castristas, apoiadas pelos Estados Unidos,
tentaram recuperar o controlo do território insular.
Um processo em cadeia
Os 605 deputados que agora prestam juramento foram eleitos pelos
eleitores cubanos a 11 de março, uma escolha feita no seguimento das
eleições municipais de novembro, onde foram eleitos mais de 12 mil novos
elementos para as assembleias das várias regiões.