Embaixada dos EUA chega a Jerusalém entre aplausos e a insurreição
Postado
14/05/2018 09H16
A cerimónia de
inauguração da nova Embaixada norte-americana em Israel acontece esta
segunda-feira e promete reavivar um conflito regional que continua por
resolver, 70 anos após a independência de Israel. Sem a comparência de
Donald Trump, o evento vai contar com a presença da filha do Presidente
norte-americano, Ivanka Trump, e do genro Jared Kushner, entre outros
responsáveis da Administração. Grande parte dos países europeus,
incluindo Portugal, vai boicotar a cerimónia em protesto contra a
decisão. Há precisamente 70 anos nascia o Estado de Israel sob os auspícios das
Nações Unidas, contra a vontade dos líderes árabes. Às 16h00 do dia 14
de maio de 1948, David Bem Gurion declarava a independência a partir de
um museu em Telavive. “A terra de Israel é o lugar onde nasceu o povo
judeu”, anunciou na altura. Esta segunda-feira, à mesma hora, mas em Jerusalém, consuma-se uma
decisão polémica de Donald Trump. Quando forem 16h00 (14h00 em Lisboa),
inicia-se a cerimónia de abertura da Embaixada norte-americana em
Jerusalém, até hoje localizada em Telavive, como grande parte das
representações diplomáticas estrangeiras naquele país. A Embaixada
provisória passa a funcionar no edifício do consulado norte-americano em
Jerusalém até que seja encontrado outro local com as dimensões
necessárias. Donald Trump não estará presente mas preparou uma mensagem em vídeo que
será exibida durante a cerimónia. Em representação dos Estados Unidos
vão estar a filha do Presidente norte-americano, Ivanka Trump, e o
genro, Jared Kushner. A delegação conta ainda com a presença de John
Sullivan, secretário de Estado adjunto, Steven Mnuchin, o secretário de
Estado do Tesouro, e Jason Greenblatt, conselheiro de Donald Trump em
negociações internacionais. A alteração da localização da Embaixada acontece apenas cinco meses
depois de Donald Trump ter anunciado que os Estados Unidos passariam a
reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, com a subsequente
deslocalização da Embaixada. Uma promessa feita pela Presidente
norte-americano ainda durante a campanha ao lobby pró-israelita American
Israel Public Affairs Committe (AIPAC) e que era há muito aguardada. Na verdade, desde 1995, quando o Congresso norte-americano aprovou a
deslocalização da Embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém,
que os vários Presidentes desde então se recusaram a dar luz verde a
essa mudança por motivos securitários. Agora, a decisão de Donald Trump promete inflamar o principal barril de
pólvora do Médio Oriente, uma vez que os Estados Unidos, mediadores
históricos do conflito israelo-palestiniano, abdicam de um papel neutro e
imparcial. Ainda que os principais centros de decisão estejam em Jerusalém – incluindo a sede do Governo e o Knesset – a mudança da localização de Embaixada é considerada como uma afronta à causa palestiniana. Parte da cidade-berço das três religiões monoteístas é igualmente
reclamada pelos palestinianos e também eles pretendem que Jerusalém seja
reconhecida como capital do Estado da Palestina. No entanto, os israelitas consideram toda a cidade como sua, de forma
indivisível. Ao reconhecer Jerusalém como a capital dos Estados Unidos, a
diplomacia norte-americana patrocina o controlo total da cidade pelos
israelitas, que controlam a parte oriental da cidade desde 1967.
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