Parlamento: Distribuição de vales cheques domina período antes da ordem do dia
A questão foi introduzida pelo deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), José Sanches, que afirmou que os agricultores e criadores de gado têm passado por “diversas dificuldades” devido a “má política” de governação do Movimento para a Democracia (MpD, poder).
“O Parlamento tem responsabilidades e não pode ser conivente com a governação liquidatária do MpD, que através de acções de negligência tem desmantelado sectores importantes da economia nacional e desprotegido as famílias cabo-verdianas”, sublinhou o deputado, que apelou ao presidente da Assembleia Nacional, ao ministro da Agricultura e Ambiente e aos deputados a visitarem o interior de Santiago, já que a situação é “muito desastrosa”.
Segundo José Sanches, para além dos vales cheques serem “insignificantes”, a ração distribuída “não tem nenhuma qualidade” e grande parte das propriedades agrícolas estão a secar devido á “ineficiência da política de mobilização de água” do Governo.
O deputado acusou ainda o Governo de suspender os trabalhos de calcetamento implementado no âmbito do programa de emergência para a mitigação da seca e do mau ano agrícola e de “não pagar os salários” que se encontravam em atraso.
“Encontramos famílias cabo-verdianas com dificuldades de pagar propinas dos filhos, transportes escolares, custos de saúde, mas também em situação de fome abandonado pelas autoridades e perante essa situação de sofrimento de destruição da economia familiar com mortes de animais e exterminação de propriedades agrícola”, adiantou o deputado do PAICV, que acusou ainda o Governo de estar a “testar o limite e a paciência” dos cabo-verdianos.
Por seu turno, a deputada do MpD Joana Rosa considerou que o PAICV tem sido uma oposição “fraca e desnorteada”, uma vez que o seu discurso se tem baseado em “incitação à violência e ao ódio”.
“Hoje temos mais emprego na ilha do Maio e menos problema do que em 2014, altura em que o Governo liderado pelo PAICV distribuiu ração a pessoas que nem tinham animais”, adiantou a deputada, que reconheceu que o programa direcionado para a ilha precisava de ajustes, já que concentra o maior número de animais e precisava de um micro programa específico.
Por seu lado, o deputado da União-Cabo Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) António Monteiro considerou que, “apesar das medidas e esforço” por parte do Governo, os impactos “não são visíveis nem notáveis”.
Para a UCID, este não é momento de “passar a bola de um lado para o outro” e de tentar encontrar quem é o culpado.
“É sim de encontrar soluções em termos de correcção dos programas para ajudar a população cabo-verdiana”, precisou.
António Monteiro que sempre defendeu a solução forragem hidropónica, assegurou que a mesma é “muito mais barata” do que a ração normal e que com essa tecnologia seria possível ajudar os criadores a ter os alimentos necessários para os animais.
“Apelamos mais uma vez ao Governo para investigar quais serão as vantagens dessa medida que está a ser implementada em São Vicente e que têm sido suficiente para alimentar o gado”, apontou.
Da parte do Governo, o ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares e Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire, assegurou que o programa de mitigação da seca e do mau ano agrícola é “excelente”, mas reconheceu que o mesmo tem tido “alguma dificuldade”, sobretudo a nível do salvamento de gado.
“Com esse programa conseguimos criar no último ano cerca de 17 mil empregos”, realçou o governante, que considerou que o Governo está “no bom caminho”.