Afinal está vivo o jornalista "morto" por ordem de Putin

O jornalista russo Arkadi Babtschenko, que responsáveis ucranianos disseram ter sido assassinado em Kiev pelos serviços secretos russos, apareceu hoje numa conferência de imprensa a desculpar-se por ter participado numa encenação.

O jornalista de 41 anos explicou que a encenação visara desmascarar uma conjura dos serviços secretos russos, que realmente planeavam eliminá-lo. Babtschenko fizera o seu serviço militar na guerra da Chechénia e usara depois essa experiência para se tornar um reconhecido especialista nos conflitos da Chechénia, Ucrânia oriental e Ossétia. Era conhecido pelas reportagens que tem assinado, incómodas para o governo de Putin.

Wassili Grizak, o chefe dos serviços secretos ucranianos (SBU), também presente na confeência de imprensa, explicou que a encenação do suposto assassíno do jornalista levou à detenção do alegado organizador do assassínio, afinal frustrado.
Babtschenko tinha saído da Rússia em 2017, na sequência de ameaças de morte contra si próprio e a sua família, tendo vivido na República Checa e em Israel antes de fixar na Ucrânia. O Governo ucraniano acusou publicamente a Rússia de ter promovido a eliminação do jornalista, recebendo como resposta um categórico desmentido russo.
Encenação também na conferência de imprensa
Segundo o relato da agência noticiosa russa Sputnik, Grysak começou a conferência de imprensa dizendo que poderia dar as condolências à família de Babtschenko. E logo acrescentou: "Mas não o farei. Pelo contrário, eu ... convido-o a entrar na sala". E o jornalista não se fez rogado, "ressuscitando" assim, espectacularmente, diante da imprensa reunida na capital ucraniana.
O chefe do SBU prosseguiu afirmando que os putativos assassinos do jornalista tinham planeado matar 30 pessoas em território ucraniano, segundo informações que o SBU recebera.
E prosseguiu: "Há três horas, o organizador deste crime foi detido na cidade de Kiev. Estão em curso investigações sobre este indivíduo. Com o propósito de organizar este plano cínico, os serviços de segurança russos recrutaram um cidadão ucraniano, G, que foi encarregado de encontrar executores para este cínico assassínio".
Segundo o responsável ucraniano, "o executor era um assassino altamente profissional, mas não poderia ter planeado este crime sozinho".
Segundo as notícias veiculadas até aqui, Babschenko fora abatido ontem no seu apartamento em Kiev. A polícia confirmou na altura o assassínio e pôs em circulação retratos-robot do alegado assassino, mostrando um homem entre 40 e 45 anos, com uma barba grisalha.
Reagindo à conferência de imprensa, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, considerou "muito boas notícias" as que dão o jornalista como estando vivo, lamentando que as coisas nem sempre tenham um final tão feliz. E não deixou de sublinhar que a encenação se fez para servir a propaganda de Kiev.
Por seu lado, a televisão russa Russia Today cita o presidente do Comité do Senado russo para as Relações Exteriores, Konstantin Kosachev, que se lamentou pelo facto de o jornalista se ter prestado a uma encenação ucraniana visando comprometer a Rússia.

A Russia Today acrescenta mordazmente que "a mudança do estatuto de Babschneko, de vítima de assassínio para agente do SBU, não impede Kiev de lançar acusações contra Moscovo".

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