Kim Jong-un refresca chefias militares antes da cimeira com Trump
Postado
04/06/2018 09H49
O líder da Coreia do Norte promoveu recentemente um face-lift das chefias militares de topo norte-coreanas, no que pode ser visto como o refrescar de forças em vésperas da cimeira com o presidente Donald Trump. Mas não só, o papel central que o Exército Popular da Coreia detém no aparelho do regime estará igualmente na base da substituição de oficiais de uma geração mais antiga por homens da confiança de Kim Jon-un.
Esta mexida na cúpula do aparelho militar faz parte de uma mudança que
vem sendo levada a cabo desde que Kim Jon-un chegou ao poder, em 2011.
De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, que cita um
membro dos serviços de informações, o processo envolveu três generais de
topo, nas principais estruturas do aparelho (militar) do país.
A cimeira de Singapura com o presidente norte-americano, Donald Trump, está aí ao virar
da esquina – segundo a última agenda permanece marcada para 12 de Junho
– e parece natural que o líder coreano pretenda estar por essa altura
rodeado de militares da sua confiança.
Os militares que estão agora de saída têm 68, 77 e 81 anos, o que sugere a renovação por uma geração mais nova. Michael Madden, analista citado pela CNN,
refere que os novos chefes militares são “três homens da confiança de
Kim Jon-un. Todos eles ocupavam já posições muito sensíveis e de alto
nível sob a liderança de Kim Jong-un, são-lhe muito leais e têm
experiência na interacção com delegações estrangeiras”.
Mas há outras razões que apontadas para este refrescar da estrutura.
Além desse encontro histórico que se aproxima em Singapura, dentro de
uma semana, está também o processo de reaproximação à Coreia do Sul. O Bureau Político
– onde o general Kim Su Gil substitui Kim Jong Gak como director – é o
órgão que supervisiona as operações financeiras do Exército Popular da
Coreia, que controla um grande número de empresas e negócios que poderão
vir a estar envolvidos no futuro relacionamento com a Coreia do Sul.
Trata-se, portanto, de uma tentativa de evitar de antemão que, como no
passado, ocorram uma série de práticas duvidosas dentro da rede de
chefias militares e comissários políticos da estrutura. “Isso foi um
problema durante o período da “Política Raio de Sol” (de abertura do Sul
face ao Norte, implementada de 2000 a 2007), com muita apropriação
indevida e conduta duvidosa [de comissários políticos no Exército]”,
apontou Madden.
Por outro lado, acrescenta este especialista nos assuntos da Coreia do
Norte, o tamanho e amplitude das responsabilidades do aparelho militar
norte-coreano é tal que representa a maior ameaça para o poder de Kim
Jon-un mais do que qualquer outra organização.
As purgas levadas a cabo por Kim no início do seu reinado culminaram em
2013 com a execução do seu tio, Jang Song Thaek, suspeito de estar a
tecer uma rede de poder paralela ao mandato do sobrinho. A morte do tio
foi então objecto de várias especulações, quanto à forma e às razões que
a desencadearam e, de acordo com Michael Madden, Kim Jon-un não
quqererá que se conjugue uma situação como essa que viveu logo nos
primeiros tempos no poder.
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