São Vicente: Campus da Matemática é para desmistificar e reconhecer matemática em tudo o que se faz – coordenadora

Telma Silva, que é também directora do laboratório de matemática da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), falava à imprensa propósito da 3ª edição do Campus da Matemática da Gulbenkian, que decorre na Faculdade da Educação e Desporto da Uni-CV, no Mindelo, com 32 alunos matriculados no 12º. ano nas escolas secundárias da região do Barlavento, 12 professores e seis monitores.

Segundo a mesma fonte, o campus já se tornou uma marca que é desmistificar a matemática no seu ensino e na sua aprendizagem.

Pelo que, avançou, levaram alunos e professores do secundário para perceberem o que a matemática é e, sobretudo, o que ela não é.

“Através de jogos, da aplicabilidade da matemática, de brincadeiras, de conversas, de raciocínio lógico e até de lições de vida nós temos ensinado a matemática. Quando dizemos a um aluno que problemas ou o impossível não são obstáculos, mas é o ponto onde novas oportunidades acontecem e novos mundos são criados, estamos a ensinar aos estudantes que eles são imparáveis e quem nos mostra isso é a matemática”, explicou.

Conforme a coordenadora, nesta edição o objectivo é preparar os alunos para entrarem na universidade e, por isso, introduziram conteúdos que eles vão encontrar no primeiro ano para que quando estiverem lá não sintam medo, não fujam, saibam o que vão encontrar e estejam preparados.

“Estamos com alunos do secundário com vontade de conhecer mais da matemática, métodos e técnicas, demonstrações, conteúdos como números complexos que não se dão no secundário, métricas, teoria de conjuntos, topologia, probabilidades, limites de continuidade, derivadas e integração, coisas que são conteúdos do superior, tal como matrizes e sistemas”, acrescentou.

Para Telma Silva é como se estivessem a mastigar aquilo que aparentemente é complicado, transformá-lo e trazê-lo aos estudantes num nível “mais aceitável e compreensível” através de jogos e brincadeiras.

“Nós não queremos formar matemáticos. Queremos que os nossos alunos do secundário tenham mente aberta, para ver, reconhecer e pensar matemática em tudo o que eles estiverem a fazer. Quando estou a conversar, estou a articular as palavras através de junções de letras, com uma regra específica, estou a fazer matemática, para dar uma ordem e até para fazer um café que eu sei qual a sequência que eu vou seguir, também estou a fazer matemática”, elucidou a mesma fonte, que deseja que os estudantes se apaixonem pela matemática, por aquilo que ela é e desejam fazer a ciência.

“Em Cabo Verde e na África não vemos tantos cientistas. Por exemplo, no curso de matemática poucos são aqueles que querem estudar matemática. Alguns querem fazer ensino de matemática, outros querem fazer aplicabilidade”, lançou.

Segundo o estudante do 12º ano da Escola Industrial e Comercial do Mindelo Mauro Almeida “é um privilégio” participar por duas vezes nesse campus de matemática, por ser “muito enriquecedor”.

“Aconselho este campus a quem tem muita curiosidade e tem vontade de aprender mais sobre a matemática porque é um lugar perfeito. Temos a oportunidade de conhecer pessoas de outras ilhas, podemos conversar, trocar ideias com pessoas com mentalidades diferentes, fazemos visitas de estudo em vários lugares e temos só a ganhar”, explicou o jovem estudante, avançando que quando for à universidade pensa seguir arquitetura, uma área que é ligada à matemática.

“A matemática está presente em qualquer área da nossa vida e não temos que a encarar como algo complicada e difícil de desvendar. Temos que a matemática como um desafio porque a vida é um desafio e temos sempre que procurar caminhos e soluções para resolver os nossos problemas”, indicou.

Por sua vez, a estudante do 12 º ano da Escola Secundária Baltazar Lopes (São Nicolau) Maiza Costa considerou que o Campus de Matemática da Gulbenkian é uma “experiência incrível” porque mostra outra visão da área que não é ensinada na escola.

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