Moradores e produtores esperançosos com transbordo da barragem de Principal

As chuvas caídas nos últimos tempos em todo o país renovaram a esperança dos agricultores de Santiago Norte, trazendo água para as barragens da região, principalmente a de Principal, em São Miguel.

As chuvas, que nos últimos anos têm sido escassas, causaram alguns estragos, como cortes de estradas, desabamento de muros e alagamentos, principalmente nas ilhas do Fogo e da Brava, mas o sentimento dos homens do campo é de alegria e mesmo dos visitantes que a Inforpress encontrou na Ribeira de Principal para visitar a barragem, ou mesmo desfrutar da cachoeira no local.

Jéssica Sanches é uma moradora desta ribeira, que a considera “espectacular” principalmente nesta época e com as chuvas que abundaram este ano, ressaltou que a nível agrícola é possível encontrar um pouco de tudo e até o milho, já há lugares em que se encontram “bonecas” formadas.

Além da produção agrícola, que é o “alento” dos moradores da zona que dependem desta actividade, também ressaltou a importância do ambiente verdejante que se encontra no local, mas também a água cristalina a correr pelas ribeiras, que além de formar a cachoeira após a queda das chuvas no passado final-de-semana, aumentaram a água da barragem que já transbordou.

E o clima, assim como a água abundante, foram considerados por esta moradora como sendo uma “mais-valia” para outra classe de actividade económica local, neste caso o comércio, principalmente para aqueles que enveredam para os empreendimentos turísticos, nomeadamente quiosques, restaurantes, bares, entre outros.

Pois reparou que nestes últimos dias o número de visitantes tem aumentado e consequentemente causa um novo “up” no comércio local, o que deixa os moradores felizes.

Quanto à cachoeira, pede às pessoas para terem o máximo de cuidado, de forma a evitarem acidentes, pois, ressaltou que a ribeira se encontra escorregadia, aconselhando-as a chegarem à cachoeira pela via normal que é a mais segura.

No local, também encontramos Jaquelino Gonçalves que foi à ribeira fazer uma visita e desfrutar daquilo que a natureza tem por oferecer nestas bandas, onde aproveitou para agradecer a Deus por esta “abundância”, pois recordou que nos últimos cinco anos o cenário tinha sido bem diferente. A riqueza de Cabo Verde, reforçou, é a chuva.

E, é neste sentido que apela ao Governo a uma melhor “sensibilidade no sentido de ter mais iniciativas para esta localidade, de forma a impulsionar o desenvolvimento turístico e consequentemente o desenvolvimento económico e social que permita às pessoas melhorar as suas condições de vida”.

“O Governo poderia criar condições para preservar melhor a água desta barragem e como Cabo Verde depende das chuvas, bem que poderia criar condições para transportar água desta barragem para outras zonas agrícolas que enfrentam situações de crise de chuva”, sugeriu.

Reforçou que mesmo na ribeira, deveriam ser criadas condições para ajudar os agricultores locais a instalarem o sistema de rega gota-a-gota, diminuindo assim o desperdício de água que se regista no sistema de rega tradicional.

Com este sistema, defendeu que os agricultores poupam a água e diversificam as culturas durante os períodos do ano.

Quanto a infra-estruturas e iniciativas para aumentar o turismo nacional e internacional, este jovem é de opinião de que quanto mais visitantes forem à localidade, maior seria a vantagem para os moradores, mas também para o próprio Governo.

Já Suzete Gomes é uma das que investiu nesta ribeira e diz estar satisfeita com a movimentação das pessoas, principalmente nos finais de semana, acreditando que o movimento possa vir a aumentar mais adiante, na expectativa de ter mais lucros.

Questionada sobre que vantagens estas visitas trazem à ribeira, esta comerciante destacou o aumento das vendas não só na questão das refeições e produtos grelhados, mas também na compra dos produtos agrícolas que as pessoas da localidade colocam à disposição dos visitantes.

Entretanto, um apelo feito por todos os moradores e mesmo alguns visitantes é que cada um tenha em atenção as suas atitudes e o que elas podem provocar na natureza, iniciando-se pela questão do lixo, pedindo a cada um que preserve o seu lixo e depois deite-o nos contentores.

E como reforço, Suzete Gomes pede às pessoas para não invadirem as hortas do local para levarem os produtos agrícolas, justificando que nos anos anteriores as pessoas tiraram milho, abóbora, e outros produtos sem permissão e que caso desejem algum produto, podem comprar ou então pedir aos donos.

De realçar que no passado dia 14 de Setembro, o primeiro-ministro (PM), Ulisses Correia e Silva, fez uma visita à região Santiago Norte para avaliar ‘in loco’ a evolução da campanha agrícola 2023/2024, em perspectiva, onde visitou campos agrícolas em São Lourenço dos Órgãos, São Salvador do Mundo, Santa Catarina, Tarrafal, São Miguel e Santa Cruz, acompanhado do ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, onde garantiu que há “boas perspectivas” em relação à produção agrícola e de pasto em Santiago Norte. A Semana com Infrpress

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