Idosos lamentam perda de valores e mudanças na educação que têm transformado a sociedade no que é hoje

Estes idosos reuniram no município de São Lourenço dos Órgãos, uma iniciativa das duas câmaras municipais, com o intuito de realizar um conjunto de actividades para assim assinalar o dia Internacional do Idoso, comemorado a 1 de Outubro.

Um momento de convívio e confraternização, mas também para reflectir sobre o que está errado e onde a sociedade tem falhado para se ter uma sociedade tão diferente hoje em dia e em todos os sentidos.

António Cunha é um idoso de 67 anos, do município de São Lourenço dos Órgãos e diz ter trabalhado desde muito cedo em quase todas as áreas, desde a agricultura a servente de obras, onde era necessário para se sustentar e a sua família, mas também pela sua dignidade.

E hoje, diz que lamenta ao ver tantos terrenos abandonados por falta de vontade, realçando que os jovens já não querem trabalhar a azágua, exigindo outros tipos de emprego, embora, sublinhou que estes jovens devem estar cientes que o mercado não tem trabalho para todos.

“Agora os tempos estão diferentes, nem bênção, nem um bom dia as crianças respondem”, sublinhou, reconhecendo que tudo isso é uma lacuna que existe na educação dos filhos e que automaticamente leva a perda de valores, relembrando que o dia de amanhã depende daquilo que cada um cultiva na sua infância, adolescência, juventude e idade adulta, por isso, acredita que o futuro de cada um depende muito daquilo que os pais transmitem.

Aliás, reforçou que a educação permanece no ser humano em qualquer fase da sua vida até a morte, pedindo aos mais novos para se seguirem sempre no caminho do bem e assim colherem bons frutos mais tarde, sublinhando que os valores não são para ninguém mais, a não ser para o benefício de cada um.

Igualmente, Angelina Varela, mulher de 90 anos, realçou que a crise que o país e o mundo está a viver não é somente à falta de chuva, até porque, conforme sustentou, se for analisado, este ano o país choveu muito mais do que os anos anteriores, mas mesmo assim há muitos terrenos abandonados devido à falta de mão-de-obra e a boa-vontade.

“Os jovens não querem trabalhar, e é por isso que o país está a passar por esta crise”, disse, acrescentando que as crianças de 4 para 5 anos têm de aprender a fazer alguma coisa, porque caso contrário, ao criar nada faz.

Comparou com um agricultor que cultiva uma horta, mas que não faz a monda e nem a regue, e na maré de colher com certeza nada vai encontrar.

“A criação de agora não é como a de antigamente. É preciso educar desde muito cedo, mas hoje as instituições defendem que as crianças não devem trabalhar ou castigadas”, elencou, evidenciando que essas leis também estão a “mudar” a autoridade dos pais e da sociedade sobre as crianças.

Questionada como vê ou considera os momentos vividos em crianças, pois apesar da idade ainda continua lúcida e bem rija, contou que quando pequena viveu momentos felizes e outros amargurados, afiançando que caso fosse dado mais valor, “não estava a receber somente a “esmola” de 5.880 escudos” da pensão social.

“É preciso mais consideração por parte das autoridades”, indicou, embora diz ser consciente de que são vários idosos, e que não é possível fazer o mesmo para todos, mas que deveria ser feito uma discriminação pela positiva, tendo em conta que cada um deu o seu contributo de forma diferente para o desenvolvimento do país.

Ariana Gomes, veio de São Miguel e também reconhece que a sociedade hoje em dia não segue os valores e nem os bons exemplos, embora, viu pontos positivos nestas mudanças, como a “liberdade”, explicando que “é muito bom”, porque quando cada um conhece os seus direitos e deveres tudo funciona bem.

“Hoje não se vive num beco porque todo o mundo já tem a mente aberta”, considerou, aconselhando que também não se deve fazer da liberdade de libertinagem.

Ou seja, aconselhou que é preciso aproveitar da liberdade nos limites, no respeito, de forma a dar exemplo aos outros.

Do mesmo município, Máxima Cardoso evidenciou que antigamente não se tinha tanto conhecimento, mas que se vivia num mundo “grande”, já hoje, considera que há mais conhecimento, mas que, ao mesmo tempo, o mundo virou pequeno porque é cada um por si.

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