Câmara dá prazo de 24 horas para Electra e Governo se pronunciarem e resolverem fornecimento de energia

Em conferência de imprensa, o presidente da Câmara Municipal de São Filipe, Nuías Silva, disse que se no prazo estipulado não houver uma decisão e explicação “clara e concisa”, a autarquia está “disposta e apta” à integração a uma ampla movimentação de contestação e exigir a responsabilidade da empresa e do Governo, enquanto dono da mesma.

Sublinhou que existe “muito descaso” para com a ilha por parte da Electra, Governo e autoridades nacionais relativamente a investimento que têm de ser feitos na ilha.

“A câmara está a unir a sua voz a de todos os sanfilipenses e foguenses com esta situação difícil que o município e toda a ilha tem vivido nos últimos tempos ligado ao fornecimento de energia eléctrica por parte da Electra”, declarou Nuías Silva ao iniciar a conferência de imprensa, acrescentando que a situação na ilha e em São Filipe, que é capital da região e que albergar mais de 50 por cento da população (%) “é caótica” vivendo “num blackout e escuridão total”.

Segundo mesmo as famílias do mundo rural estes estão “completamente preocupadas” e os pequenos negócios estão abandonados e ninguém sabe quem irá assumir todos os custos com as “enormes perdas” dos produtos armazenados para venda, adiantando que a zona norte está sem energia eléctrica há mais de quatro dias.

“Nos tempos de hoje e com os investimentos efectuados no passado para a central única, com grupos geradores alternativos capaz de fazer face não só a demanda da ilha, mas de alguma contingência, é algo inaceitável e precisa de explicações mais concisas e claras para com a população, com autoridades e autoridades governativas locais”, advogou o edil, lembrando que desde o final de semana passada São Filipe não tem tido energia de forma normal, o que tem causado “prejuízos enormes”.

Nuías Silva disse que na cidade os grandes comerciantes, através da visita e dos contactos, falam de “perdas enormes” e dada a dimensão do problema apela ao Governo a ajudar a Electra na criação de condições necessárias para “reposição urgente” da normalidade no fornecimento de energia em São Filipe e na ilha

A mesma fonte disse que a câmara está junto da população nesta luta perante esta situação de “autêntico descaso” para com a ilha, porque, explicou, “não há nenhuma informação formal às autoridades e instituições”.

O “pouco que se sabe”, continuou, é através do comunicado da Electra e que na prática não corresponde porque a situação já devia estar normalizada, mas neste momento regista “blackout total, provando perdas, desconforto e insegurança” e “não há informações concretas” sobre quando a energia será reposta com uma situação minimamente satisfatória.

Nuías Silva defendeu que a Electra e o Governo, na qualidade de dono da mesma, têm a responsabilidade de fazer investimento na ilha porque ela faz parte de Cabo Verde e merece um tratamento igualitário, acrescentando que se a situação tivesse acontecido noutras cidades era motivo de “enorme insatisfação e manifestação pública”.

“A educação e passividade de São Filipe e da ilha não podem ser tomadas como uma verdade absoluta de que a população não vai reagir”, pontuou o edil de São Filipe, lembrando que a situação se arrasta há nove meses, desde Março de 2023.

O mesmo lembrou que a central dispõe de dois grupos geradores de grande potencial, um dos quais está avariado desde março e estava em manutenção que devia terminar no mês passado de Outubro, mas que no dizer de Nuías Silva “estranhamento e sem nenhuma informação” a manutenção foi suspenso sem dia para retomar.

Caso a manutenção tinha sido concluído e mesmo com avaria registada no outro grupo de maior potência, o problema que se regista não acontecia e a ilha estaria numa situação muito melhor, referiu Nuías Silva, para quem a pergunta que a população faz é do porquê da suspensão da manutenção, se é por razões financeiras, técnicas ou outras.

“Não podemos ter investimentos avultados numa parte do território nacional e noutra parte nem manutenção do sistema é feita para chegar a esta situação. O problema que estamos a viver hoje é resultado da falta de investimento e de manutenção em tempo oportuno dos equipamentos”, disse o autarca de São Filipe, sublinhando que existe uma falta de investimentos e um plano de manutenção e peças em stock para fazer reposição numa ilha com três municípios e mais de 35 mil habitantes.

“O povo e as instituições estão agastadas e a tolerância está no limite e exigimos uma explicação”, conclui Nuías Silva.

A unidade de produção de queijo de Cutelo Capado que está sem energia há quatro dias foi obrigada a jogar no lixo grande quantidade de produtos e numa primeira avaliação os responsáveis falam de mais de 300 mil escudos de prejuízos até este momento.

A Semana com Inforpress

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