Agricultor perto de produzir 400 toneladas/ano pede linhas de crédito estratégicas
“Mas eu não quero dinheiro de graça, quero pagar o meu dinheiro”, declarou à Inforpress, quando o fomos encontrar na sua propriedade, na Ribeira de Vinhas, uma extensão de terras de 50 hectares (espaço suficiente para se construir 50 campos de futebol), no meio de vastas área de plantação a céu aberto, estufas e dessalinizadoras.
Em meados de 2024, a empresa que criou, a Agro Soluções, conta colocar no mercado 400 toneladas de frutos e hortícolas como papaia, banana, pepino, alface, melão, melancia e tomate, ou seja, 80 por cento (%) da promessa feita em Fevereiro de 2022 quando rubricou um protocolo com a Embaixada dos EUA.
“O que necessitamos nesta área é simplesmente de apoio financeiro com linhas de crédito estratégicas para o sector, muito bem desenhadas, não linhas de crédito comum a todos”, especificou, já que o sector tem a sua especificidade e os governos terão que trabalhar no sentido de criar incentivos.
Segundo ainda a Inforpress, Melício aponta que poderia ser um banco de crédito agrícola, “que já existe por exemplo aqui bem perto, no Senegal”, mas, continuou, mesmo que não seja um banco, que seja uma linha de crédito em que o Governo apoia com condições especiais para os agricultores.
“Nós aqui temos uma capacidade enormíssima, mas necessitamos principalmente de um apoio em políticas financeiras para o sector”, reforçou o engenheiro agrónomo, que afirma que São Vicente, devido às potencialidades intrínsecas e com mais pessoas a investir no sector, poderá se transformar na “maior ilha agrícola” de Cabo Verde.
“A ilha tem espaço à-vontade, terrenos do Estado, em que as empresas podem investir, desde que devidamente apoiadas”, concretizou, ao mesmo tempo que revelava um sonho.
“O meu sonho é poder dessalinizar a água do mar, numa escala de quatro mil metros cúbicos de água/dia, produzir e exportar para o mercado interno e externo”, anunciou, numa produção em grande escala, não só em São Vicente, como no Porto Novo ou no Tarrafal de Santiago, por exemplo.
Zonas áridas, continuou confrme a mesma fonte, com “potencialidades enormes” para produzir em “grande escala e com grande qualidade”, se baseada na dessalinização da água do mar, através das energias eólica e solar combinadas.
E dá o exemplo de uma espécie de papaia que produz actualmente, com um nível de produção “igual a qualquer outro sítio”, como Canárias, Brasil ou Costa Rica, pela qualidade e produtividade por metro quadrado, e também preços praticados no estrangeiro, Portugal, como o quilograma de papaia a 5 euros ou de maracujá, “que aqui é considerada monda”, a 17 euros.
“Nesta área, na verdade, os maiores desafios são os investimentos iniciais, mas desde que sejam feitos com tecnologia, e estou a falar como engenheiro agrónomo, o céu é o limite, podes fazer tudo”, sintetizou Adilson Melício, à Inforpress. Fotos: Campo de cultivo do engnheiro Melício e uma outra parcela de proprietários da Ribeira de Vinha.