Presidente do INE diz que há “necessidade emergente” da aposta nas tecnologias digitais no comércio transfronteiriço

João Cardoso falava à Inforpress, à margem da cerimónia de abertura da jornada de comemoração do Dia Africano de Estatística celebrado anualmente a 18 de Novembro.

Este ano a efeméride é celebrada sob o lema “Modernizar os ecossistemas de dados para acelerar a implementação da zona de livre comércio Continental Africano (ZLECAf): O Papel das Estatísticas Oficiais e dos Big Data na Transformação Económica e no Desenvolvimento Sustentável da África”.

O tema deste ano, explicou, foi escolhido para sensibilizar os decisores, parceiros técnicos e financeiros, produtores e utilizadores de dados, investigadores e o público em geral, sobre a importância das estatísticas oficiais e dos Big Data para acelerar a implementação do Acordo.

“Considerando os desafios internos que África enfrenta e a perturbação da economia global causada pela pandemia da covid-19 e pela guerra entre a Federação Russa e a Ucrânia, a criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana é uma importante oportunidade para ajudar os países africanos a diversificar as suas exportações, acelerar o crescimento e atrair investimento direto estrangeiro”, afirmou.

Segundo este responsável, o acordo que estabelece a Zona de Comércio Livre Continental Africana beneficia os seus Estados partes através da redução das tarifas, o que, ao seu ver, levará a preços mais baixos dos bens importados para os consumidores e dos factores de produção intermédios para os produtores.

“Este acordo tem potencial para tirar 30 milhões de pessoas da pobreza extrema em que vive actualmente um terço da população africana. O papel dos sistemas estatísticos nacionais em África e o seu compromisso com a modernização dos sistemas de dados são fundamentais para informar intervenções políticas relacionadas com a Zona de Comércio Livre Continental”, acrescentou.

Salientou que a transformação e a modernização envolvem todas as áreas das estatísticas oficiais, incluindo as estatísticas emergentes, como as estatísticas digitais, agrícolas, ambientais e climáticas, o ambiente estatístico institucional, os processos de produção, a coordenação e a colaboração.

Conforme lembrou, em 2020, a Comissão Estatística para África criou um grupo africano sobre a transformação e modernização das estatísticas oficiais para fornecer orientação estratégica e coordenar o trabalho sobre a transformação e modernização dos sistemas estatísticos nacionais em África.

“No contexto da aceleração da implementação do Acordo que estabelece a Zona c Comércio Livre Continental Africana, em particular após a pandemia da covid-19 existe uma necessidade emergente de tecnologias digitais no comércio transfronteiriço”, asseverou, destacando, por outro lado, que Cabo Verde tem alcançado “ganhos significativos” com a aposta nas tecnologias para modernizar os sistemas.

João Cardoso considerou ainda que para que o acordo que estabelece a Zona de Comércio Livre Continental Africana seja inclusivo e garanta o crescimento partilhado em todo o continente, as mulheres, os jovens e as pequenas e médias empresas devem estar no centro da sua implementação, através da utilização de tecnologias de qualidade e informações estatísticas precisas.

“Os países africanos são chamados a redobrar os seus esforços para implementar o Acordo que estabelece a Zona de Comércio Livre Continental Africana como uma ferramenta para criar uma transformação fundamental e estrutural da economia de África e colocar o continente num caminho de desenvolvimento industrial a longo prazo, dentro das directrizes da Estratégia para a Harmonização das Estatísticas em África 2017-2026, adoptada pelos Chefes de Estado e de Governo da União Africana. “, defendeu.

O Dia Africano da Estatística é um evento anual celebrado a 18 de Novembro para sensibilizar o público para a importância da estatística em todos aspectos da vida social e económica.

A Semana com Inforpress

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