Especialista pede reintrodução da ave Gongon na ilha de Santa Luzia para evitar sua extinção

Depois de todos estes estudos seria conveniente fazer um programa de reintrodução de Gongon na ilha de Santa Luzia, que agora não tem gato e poderia ser um lugar seguro para a reprodução desta espécie”, alertou Jacob González-Solís, observando que o Gongon sozinho não irá para Santa Luzia, o que implica a implementação de um programa de reintrodução com deslocação de filhotes de outras ilhas para este espaço.

“É um processo que estamos a considerar e pedir financiamento para fazer este trabalho e ter, pelo menos, um lugar onde o Gongon possa reproduzir com segurança”, declarou o especialista, assinalando que a população actual de Gongon é estimada em cerca de 2.500 casais.

Na ilha do Fogo calcula-se uma média de 200 a 300 casais, sendo que a população mais importante está na ilha de Santo Antão, sobretudo nas montanhas da parte norte, afirmou o professor, indicando que existe colónia de Gongon também em São Nicolau e Santiago.

Segundo o mesmo, dois “grandes projectos” financiados pela Fundação Mava ligados ao seguimento de aves marinhas e tartarugas na África Ocidental foram encerrados na sequência do fecho desta fundação, mas com resultado “muito importante e interessante”, permitindo um conhecimento das aves marinhas e das suas ameaças, mas também o empoderamento Organizações Não-governamentais (ONG) nacionais.

Este projecto permitiu conhecer melhor as aves marinhas de Cabo Verde, a sua população, onde estão a reproduzir e definir as áreas marinhas, monitorar as diferentes espécies de aves marinhas, referiu o professor, sublinhando que neste quadro está na fase de finalização do estudo demográfico do Gongon, depois de 15 anos de trabalho.

“Temos uma ideia de quais são os problemas mais importantes e se a população está em declínio ou não”, expôs o especialista, mostrando que o estudo aponta que esta espécie está em declínio e que se nada for feito daqui a umas décadas vai mesmo desaparecer.

A conclusão principal, segundo o mesmo, indica que as ameaças existem e ocorrem quando as aves estão a reproduzir, acrescentando que o resultado do estudo aponta que há um forte impacto de captura e predação pelos gatos.

“É urgente tratar este problema, ter o controlo da população de gatos que não tem donos e outros que têm muita liberdade de entrar e sair de casas”, disse, acrescentando que anualmente os gatos matam 4 por cento (%) da população adulta de Gongon e que face a isso os estudos demográficos demonstram que é “insustentável” e vai provocar a extinção do Gongon.

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