Cirurgião cubano indignado com declarações da ministra da Saúde garante que “não abandonou” seu posto de trabalho

O médico cirurgião voltou a procurar a comunicação social, desta vez para refutar as acusações que lhe são imputadas, na sequência das declarações da ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, no Jornal da Noite, do dia 14, na Televisão de Cabo Verde (TCV).

Yosmel Cabrera explicou que decidiu procurar a Comunicação Social para desabafar porque “esgotou todas as vias administrativas possíveis” que conhece.

“Eu não abandonei o meu posto de trabalho, como declarou a senhora ministra. Assinei um contrato com essa instituição, por mediação da Brigada Médica cubana por dois anos, com efeitos a partir de 23 de Abril de 2020, para prestar serviços como médico especialista em Cirurgia Geral. Em Março de 2022, assinei uma adenda a esse contrato prorrogando os meus serviços, nesse âmbito até 01 de Abril de 2023”, conta Yosmel Cabrera, assegurando que esses factos estão documentados e facilmente verificáveis.

“Temos cópia do contrato e a declaração do Hospital Baptista de Sousa, onde prestei serviço até 11 de Abril de 2023, isto é, até dez dias depois de finalizado o contrato. Portanto, não é verdade que eu fui para o Sal e nunca regressei ao hospital em São Vicente, como declarou a senhora ministra”, reiterou com certa indignação por entender que essas declarações não correspondem à verdade.

“Acredito que a senhora ministra foi induzida em erro, por isso reponho a verdade sobre uma deslocação ao Sal. Pouco antes de terminar o meu contrato, vim em missão de serviço para o Hospital Regional Ramiro Figueira, que se encontrava sem cirurgião, entre 09 de Março e 08 de Abril de 2023”, esclareceu.

Facto também, conforme salientou, comprovável através dos bilhetes de passagem e as despesas de estadia, assumidas pelos serviços administrativos da saúde.

“Sendo assim, é uma inverdade afirmar que abandonei o meu posto de trabalho. Repito: não é verdade que eu viajei ao Sal e nunca regressei ao Hospital Baptista de Sousa em São Vicente. Não é verdade que eu abandonei o meu posto de trabalho “, reiterou o médico cirurgião.

Conta que quando decidiu ficar e viver em Cabo Verde preparou-se para lutar contra a “campanha de assédio” da Embaixada de Cuba, entretanto, confessou que não estava preparado para “bater contra as muralhas” do Ministério da Saúde.

“Lamento imensamente que as informações que ela tem não correspondam à verdade. Talvez por nunca me ter atendido, apesar dos cinco pedidos de audiência”, disse Yosmel Cabrera, apontando que o seu calvário começou quando se desvinculou das funções no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, e no mesmo dia ter comunicado ao chefe da brigada médica cubana de que não regressaria a Cuba.

“E vi fechar-se uma a uma as portas do Serviço Público de Saúde cabo-verdiano. Ser médico cirurgião é parte do meu ADN, sou cirurgião mesmo quando durmo. Sei que os meus conhecimentos são úteis para Cabo Verde e para os cabo-verdianos. Sei que posso contribuir para a melhoria da qualidade de vida desta terra que agora também é minha”, desabafou.

E, devido à impossibilidade de fazê-lo pessoalmente, por não lhe terem concedido audiência, conforme aponta, o cirurgião geral Yosmel Cabrera, com mais de oito anos de experiência, impossibilitado actualmente de exercer a sua profissão, manifesta à ministra da Saúde, sua “total disponibilidade”, no sentido de sua incorporação no Serviço Nacional de Saúde cabo-verdiano.

A Semana com Inforpress

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