Mega concentração de protesto à entrada da Assembleia Nacional com forte aparato policial - Grevistas pedem cabeça do ministro da Educação
A greve dos professores ocorre desde ontem (22) em todo o país, onde participaram mais de 90% dos docentes. Nesta quinta-feira,23, segundo e último dia da greve, mais de um milhar de professores de Santiago, incluindo os que vieram dos seis concelhos do interior da ilha maior, concentraram-se frente à Assembleia Nacional. Tudo com a intenção de os governantes observarem a união e determinação de todos na luta em prol dos seus direitos.
“Essa concentração significa a união de toda a ilha de Santiago, demonstrando, como nas outras ilhas, a forte determinação da luta de classe nesta greve geral, que decorreu a nível nacional ”, explica o presidente do Sindep.
Sem a cobertura da TCV, muitos dos grevistas estiveram hoje nessa manifestação com cartazes e trajados de preto, isto como forma de protesto pelo descaso do Governo.
Conforme a equipa de reportagem do Asemanaonline apurou no local, houve um forte aparato policial devidamente armado para, por um lado, garantir a segurança dos grevistas e, por outro lado, barrar passagem dos mesmos à área de segurança frente ao Parlamento.
Segundo Jorge Cardoso, o distanciamento que a Polícia estabeleceu foi de forma exagerada. “Podemos ver a distância exagerada estabelecida entre a Assembleia Nacional e o sítio à entrada principal do palácio, onde foi feito o cerco. É claro que não entrámos em confrontação, porque somos educadores e uma classe intelectual não quer confrontos. A solução foi obedecer a esta ordem das autoridades. Mas de qualquer maneira vamos continuar a dar o Governo a resposta merecida ”, frisa.
O sindicalista espera que o executivo de Ulisses Correia e Silva esteja aberto a negociação, que não foi o caso, e analise que o Ministro da Educação, em vez de defender a classe e toda comunidade educativa, prefere falar em construções de hospitais e aeroportos, que não tem nada a ver com a dignidade da classe docente.
O sindicalista avança que, depois desta greve e manifestação, o SINDEP irá reunir-se com os professores e fazer o balanço desta jornada, para anunciar, em breve, a próxima luta sindical. Segundo ele, amanhã, sexta-feira, as aulas irão decorrer na normalidade em todos os estabelecimentos de ensino.
O ambiente da manifestação de hoje foi tranquilo e pacífico, com um número considerado de participantes de várias partes da ilha de santiago - estima-se em mais de um milhar de grevistas presentes.
Grevistas descontentes e determinados em lutar
A equipa da reportagem do A Semana fez uma ronda pela manifestação junto do parlamento na Praia e conversou com alguns professores que se exprimiram descontentes com a atual situação da classe.
A docente Erizita Baessa salienta que o objetivo da concentração próximo ao Parlamento é para que os governantes e deputados vejam o descontentamento dos colegas em relação ao que todos têm passado e resolvam as suas reivindicações pendentes.
“Estamos a lutar sobretudo para a nossa equiparação salarial. Segundo diz a lei, devemos ser equiparados igualmente aos outros do quadro especial da administração pública. Lutamos também para que outras pendências sejam resolvidas pelo governo” , destaca a mesma fonte.