Gerir a escassez de água é tema prioritário para Cabo Verde

“Cabo Verde é um país atingido pela seca e desertificação. Devemos mobilizar água, mas também fazer uma boa gestão” para o uso humano, referiu Januário Nascimento, presidente da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD).

O problema não é exclusivo de Cabo Verde, “é uma questão mundial”, disse, que considera estar a ser afetada pelo incumprimento de promessas de financiamento, ao cabo de 28 cimeiras.

Há mais de uma década que os países mais frágeis pedem um apoio, estimado em 100 mil milhões de dólares anuais, para a transição para um mundo com menos emissões de gases com efeitos de estufa.

“De COP para COP tem havido várias promessas, mas esse milhões não chegam a Cabo Verde”, referiu Januário Nascimento.

O ambientalista disse que há reuniões a mais e ação a menos, defendendo que as cimeiras do clima “deviam ser reduzidas” e realizar-se “de dois em dois anos”.

O problema da escassez de água é também destacado pela associação ambientalista Quercus Cabo Verde.

“Temos de saber conviver com a seca e as alterações climáticas”, disse Paulo Ferreira, presidente da organização, à Lusa, considerando que “já não há desculpas” para não se usarem melhor os recursos, considerando fundamental que haja educação ambiental.

Segundo referiu, as alterações climáticas são “uma ameaça existencial para o país, que enfrenta desafios ambientais importantes, como a escassez de água, a contaminação e poluição ambiental, e a perda de biodiversidade”.

A participação de Cabo Verde na COP28 é vista pela Quercus como “uma oportunidade importante para o país se posicionar como um líder na ação climática”, mostrando, por exemplo, como a reconversão de dívida pode apoiar o financiamento climático – um acordo modelo assinado este ano em que Portugal perdoou 12 milhões de euros da dívida de Cabo Verde para colocá-los num Fundo Climático Ambiental do arquipélago.

Januário Nascimento considerou que Cabo Verde tem dado “passos importantes” para promover a transição energética, “por vezes com exagero”, como quando previu ter 100% da eletricidade a partir de fontes renováveis em 2025, recordou, meta, entretanto, reduzida para 50% e empurrada para 2030.

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