PM de Cabo Verde disse que informou PR sobre encontro com Zelensky no Sal
Num comunicado, um dia após o chefe de Estado cabo-verdiano ter manifestado “profunda estranheza” pelo encontro entre o chefe do Governo, Ulisses Correia e Silva, e Volodymyr Zelensky, o gabinete do primeiro-ministro diz que foi o Presidente da República da Ucrânia quem solicitou, em 07 de dezembro, “através dos canais diplomáticos” e “de forma expressa”, uma reunião que “deveria acontecer durante a sua escala no aeroporto do Sal em viagem para a Argentina”.
No dia seguinte, segundo a nota do Governo, Ulisses Correia e Silva informou o Presidente da República de Cabo Verde sobre esse facto e que “iria deslocar-se ao Sal, no dia seguinte, para o efeito”.
“Estes são os factos e não retratam falta de articulação ou falta de lealdade institucional”, sustentou o gabinete do chefe do Governo, salientando que as relações institucionais com o Presidente José Maria Neves “irão continuar a ser salvaguardadas”.
E acrescentou que a articulação em matéria de política externa será “assegurada em nome do interesse comum da nação cabo-verdiana”.
Na segunda-feira, o chefe de Estado cabo-verdiano disse estranhar a forma como as coisas aconteceram e prometeu tomar medidas.
“Efetivamente, há uma profunda estranheza da minha parte relativamente a esse encontro e em espaço próprio chamarei a atenção para essa questão e tomarei as medidas que se mostrarem pertinentes”, assegurou.
“Um homólogo do Presidente da República chega a Cabo Verde e, portanto, nessas questões deve haver uma articulação entre os órgãos de soberania, e o Presidente não pode ser posto sob facto consumado sobre essas matérias”, respondeu, pedindo “articulação” e “respeito pelas diferentes instituições” da República”.
O chefe de Estado, antigo primeiro-ministro eleito pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, atualmente oposição parlamentar), tem criticado a excessiva partidarização e chamado a atenção para a luta de protagonismo no país e já acusou o Governo suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD), de que Ulisses Correia e Silva é presidente, de “deslealdade institucional” em matérias de política externa. A Semana com Lusa