PM de Cabo Verde saúda “acordo histórico” com “impactos muito fortes”
“O acordo histórico de abandonar os combustíveis fósseis e acelerar a ação climática obtido durante a COP28 no Dubai é merecedor de aplausos”, pediu o chefe do Governo cabo-verdiano, numa intervenção no parlamento, na segunda sessão de dezembro, a última deste ano e que vai até sexta-feira.
Considerando que os impactos do acordo serão “muito fortes”, o primeiro-ministro cabo-verdiano entendeu que a solução global só é atingível com o “compromisso firme” de todos os países do mundo e com a “responsabilização acrescida” para os mais emissores e os maiores poluentes.
“O princípio é pensar global a longo prazo e agir localmente agora”, disse, instando cada país a “fazer a sua parte”, definindo voluntariamente as suas metas de redução de emissões e adaptar os seus planos nacionais de contribuição.
As delegações dos países reunidos na Cimeira do Clima do Dubai (COP28) chegaram hoje a um consenso sobre uma decisão que apela a uma "transição" para abandonar os combustíveis fósseis.
No arranque do debate sobre as alterações climáticas, Correia e Silva insistiu que, à semelhança dos outros Estados Insulares em Desenvolvimento, Cabo Verde tem uma “contribuição insignificante” para o aquecimento global, mas é “fortemente afetado” pelos seus impactos.
Mesmo assim, disse que arquipélago está na 76.ª posição dos países mais preparados para lidar com as alterações climáticas, numa lista com 185 países.
E até 2100 apontou como maiores riscos e ameaças do arquipélago a redução da precipitação média anual entre 5 e 10%, aumento da probabilidade de chuvas intensas e inundações e deslizes de terras, aumento da temperatura média anual entre 1,5 e 2 graus e aumento do nível médio do mar em 5 milímetros por ano.
“Face aos impactos da crise climática no desenvolvimento do país e alinhando-se com os compromissos globais, que são das referências, o Governo inclui a ação climática como uma das maiores prioridades da sua governação”, traçou.
O objetivo, prosseguiu o primeiro-ministro, é reduzir em 38% das emissões até 2030 e atingir a neutralidade carbónica até 2050, “com foco na adaptação e no aumento da resiliência”.
Na sua intervenção inicial no debate mensal com o primeiro-ministro, cujo tema foi proposto pela União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), Ulisses Correia e Silva avançou ainda outras medidas em implementação no país.
Também enfatizou os avanços no financiamento climático e ambiental, destacando o acordo com o Governo português para conversão da dívida num fundo que inicia com 12 milhões de euros, mas o objetivo é atingir a totalidade dos 140 milhões de euros da dívida bilateral com Portugal.
“A ação climática é uma determinante para o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde e deve ser assumida como um desígnio nacional a longo prazo”, pediu. A Semana com Lusa