Associação cabo-verdiana em Lisboa diz que obrigações para a diáspora são “boa medida”
“Trata-se de uma boa medida, interessantíssima, em razão das remessas financeiras dos emigrantes na diáspora”, disse à Lusa a dirigente da mais antiga associação cabo-verdiana na diáspora, criada em 1969, tendo atualmente quase 1.600 associados.
Em novembro, o ministro das Comunidades, Jorge Santos, anunciou que Cabo Verde está a preparar a criação de obrigações em bolsa dirigidas exclusivamente à diáspora, a partir do primeiro semestre de 2024 e que podem ser emitidas pelo Estado ou por privados.
De acordo com o governante, a diáspora fez remessas financeiras para Cabo Verde num valor superior a 400 milhões de euros em 2023.
Jorge Santos disse que o processo está a ser preparado desde há dois anos, com a participação das Nações Unidas, União Europeia (UE), Luxemburgo, entre outros parceiros, em colaboração com a Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC), prevendo-se a apresentação no primeiro semestre deste ano.
Para a presidente da Associação Cabo-verdiana de Lisboa, a medida vai diversificar o investimento financeiro, “poderá contribuir para o equilíbrio da balança orçamental do país” e será um “elemento fundamental no equilíbrio da balança de pagamentos do Estado de Cabo Verde”.
Por outro lado, Dulcineia Sousa defendeu que, assim que as obrigações estejam disponíveis, deve haver informação “célere, clara, concisa e bastante assertiva”, para evitar qualquer “ruído ou redundância”.
“Torna-se fundamental uma aposta maior na educação financeira dos cidadãos, sobretudo no que diz respeito à literacia financeira. Neste campo de atuação, os órgãos de comunicação social têm um papel fundamental”, considerou.
Para a mesma fonte, trata-se de uma “mais-valia”, que valoriza o investimento no país, havendo "condições favoráveis" e "incentivos fiscais" que permitam a sua operacionalização.
Na altura em que divulgou o projeto, o ministro Jorge Santos disse que a subscrição dos títulos beneficiará dos incentivos e isenções fiscais já criadas e inscritas em Orçamento do Estado, para que a diáspora tenha condições ainda melhores para poder investir no mercado de capitais em Cabo Verde.
A Associação Cabo-verdiana de Lisboa realiza atividades de âmbito cultural e recreativo e apoia jovens talentos, sendo uma das várias entidades que agregam membros da diáspora cabo-verdiana, cerca de 1,5 milhões de pessoas, o triplo da população do arquipélago.
A Semana com Lusa