Presidente Cabo-Verdiano defende elevação do debate político
“A ética republicana é elevarmos o nível do debate político em Cabo Verde”, referiu José Maria Neves, apelando a “um debate de ideias e não de casos, um debate de propostas e não de pessoas” e “um debate de políticas que possam responder aos anseios e reivindicações dos cabo-verdianos”.
“É esta a ética que a República nos pede hoje”, acrescentou.
O apelo surgiu num contexto de crispação entre o chefe de Estado e o Governo, após episódios em que José Maria Neves acusou o executivo de atuar sozinho, abeirando-se da “deslealdade inconstitucional”.
Em dezembro, o chefe de Estado pediu posicionamentos do Tribunal de Contas e da Inspeção Geral das Finanças após uma polémica com regalias da primeira-dama, alvo de críticas do Movimento pela Democracia (MpD, no poder).
O chefe de Estado referiu hoje que “a ética republicana é a busca pelo consenso sobre pontos essenciais dos desígnios nacionais”, sobre “o bem comum” e “nunca a captura do Estado” por outros interesses.
A intervenção surgiu após o ritual da data, com deposição de uma coroa de flores no memorial Amílcar Cabral, na capital cabo-verdiana, e que este ano marcou o início das comemorações do centenário do nascimento (que se assinalará a 12 de setembro) do líder da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Pedro Pires, antigo Presidente cabo-verdiano e líder da Fundação Amílcar Cabral, interveio também hoje para dizer que celebrar a figura icónica não tem como propósito “a satisfação da fundação: é muitíssimo mais do que isso. Trata-se, acima de tudo, de um dever de memória”.
José Maria Neves recordou o líder independentista como uma figura inspiradora que deve ser lembrada “todos os dias”.
O feriado de hoje enaltece-o, bem como a todos os que “fizeram de tudo, alguns doando a própria vida” pela independência e desenvolvimento de Cabo Verde, disse.
Filho do cabo-verdiano Juvenal Cabral e da guineense Iva Pinhel Évora, Amílcar Cabral nasceu na Guiné-Bissau em 12 de setembro de 1924, partiu para Cabo Verde com oito anos, acompanhando a sua família, onde viveu parte da infância e adolescência.
Posteriormente, foi fundador do então PAIGC, líder dos movimentos independentistas na Guiné-Bissau e Cabo Verde, e foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri, aos 49 anos. A Semana com Lusa