Psicólogo classifica como “extremamente grave” situação do suicídio em Cabo Verde

De entre eles, apontou o aumento da pobreza, o desemprego, a perturbação mental, famílias disfuncionais, e falta de uma "política pública clara" que dê às pessoas uma visão e esperança do que podem fazer nas suas vidas.

“Na minha opinião é grave e acho que já chegou a altura do Ministério da Saúde fazer algum comunicado sobre esta situação para passar alguma esperança de conforto à população”, afirmou.

Segundo disse, ainda em Cabo Verde até então não existe nenhum estudo e nada que indique como fazer o combate ao suicídio, e nenhum estudo também que aponta as principais causas, pelo que lamentou o facto de se assistir cada vez mais jovens a suicidarem sem o país ter por onde pegar.

“Repara que foi feito um decreto que declara 2024 o ano da saúde mental, mas o Ministério da Saúde não diz qual ferramenta executar” criticou, questionando a inexistência no documento de um pilar destinado a promoção da saúde mental, e ainda se existe outros pilares para o combate às doenças mentais, e para fortalecimento das instituições públicas e privadas que tratam a saúde mental, por exemplo.

Ou seja, a seu ver está-se perante um “decreto vazio” e que não diz absolutamente nada além de não comprometer o Governo a nada, funcionando apenas a nível de promoção.

“A educação civil da saúde mental é importante, mas o Governo não diz nada, por exemplo neste momento temos um hospital psiquiátrico de Trindade inoperacional, não tem capacidade de internar pessoas. Temos défice de psiquiatras, temos apenas dois a nível nacional, há falta de psicólogos nas estruturas, deixando os centros de saúde sem capacidade de resposta”, indicou.

Jacob Vicente alertou que o problema não é só suicídio, mas também pessoas com pensamento suicidas que, segundo sublinhou, tende a aumentar.

“Somos o país com mais suicídio em África, entretanto, a segurança social não cobre consultas de saúde mental, o que é grave. Então penso que este decreto-lei fica vazio enquanto o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) não cobrir consultas de psicologia e psiquiatria”, reforçou.

Citando o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre esta matéria, o psicólogo alertou que a tendência é de aumento dos casos de suicídio, realçando ainda que o relatório desta organização sobre a covid-19 aponta para disparos de transtornos mentais durante os próximos anos.

A Semana com Inforpress

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