Empresários cabo-verdianos no Fórum de Macau na expectativa de "abrir portas"
A sexta conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que vai decorrer entre domingo e terça-feira, em Macau, inclui um Encontro de Empresários da China e dos Países de Língua Portuguesa e a assinatura do plano de ação do organismo, mais conhecido como Fórum de Macau, até 2027.
No encontro, Cabo Verde pretende "analisar as oportunidades económicas e comerciais que podem existir com a China e abrir portas para o desenvolvimento da economia azul e verde", disse à Lusa o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento de Cabo Verde, Marcos Rodrigues.
Os empresários vão abordar temas como a aceleração da transformação digital, proporcionando novas dinâmicas do desenvolvimento das indústrias, promoção da economia verde para o desenvolvimento sustentável seguro ou a plataforma Sino-Lusófona de Macau, que é uma "porta importante" para debater questões de desenvolvimento dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), disse.
O empresário sublinhou que a China tem tido um "papel importante" nas parcerias com os Países de Língua Oficial Portuguesa e que Cabo Verde espera, nesse fórum, poder discutir as necessidades do país e os caminhos pretendidos para o desenvolvimento.
"Há muitos empresários chineses em Cabo Verde que operam no mercado cabo-verdiano através do comércio, da construção. Tem havido procura das outras áreas de investimento que nós vimos com bons olhos, que queremos intensificar e [queremos] que haja investimento da China em grande escala no país", disse, salientando que, nesta relação, os empresários também "importam uma grande parte dos produtos que são comercializados no arquipélago".
Realçou ainda que vários parceiros a nível global "têm mostrado interesse enorme" por Cabo Verde em áreas como o turismo, a economia azul, verde, tecnológica, temas que os empresários levam na agenda para potencial cooperação.
Marcos Rodrigues defendeu entendimentos entre as empresas dos Países de Língua Portuguesa nos diferentes setores para fazerem "parcerias claras e agarrar grandes projetos" para o seu desenvolvimento.
A título de exemplo apontou as áreas das obras públicas, de importação, logística e das tecnologias.
Para o empresário, em Cabo Verde ainda não há "um tecido empresarial forte, capaz de alavancar o almejado desenvolvimento nacional", pelo que "é preciso trabalhar seriamente no empoderamento do tecido empresarial nacional e sem qualquer receio".
"O Governo terá que ter um papel importante em criar condições excecionais para os empresários nacionais", referiu, salientando que "um país não consegue se desenvolver sem empresários ricos, sem visão e estratégias a nível interno e externo".
À margem do Fórum, o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento de Cabo Verde vai reunir com delegações de Angola, São Tomé, Portugal, Brasil e Guiné-Bissau para discutir questões empresariais e visando criar "estruturas empresariais fortes e capazes" de responder ao desenvolvimento comum.
Cinco conferências ministeriais do Fórum de Macau foram realizadas no território em 2003, 2006, 2010, 2013 e 2016, durante as quais foram aprovados Planos de Ação para a Cooperação Económica e Comercial.
Inicialmente prevista para 2019, a sexta conferência ministerial foi adiada para junho de 2020, devido às eleições para a Assembleia Legislativa de Macau, mas com a pandemia da covid-19 acabou por não se realizar.