Dia Internacional dos Imigrantes: Discriminação continua sendo o maior desafio em Cabo Verde - imigrantes
Imigrantes abordados hoje pela Inforpress, na cidade da Praia, afirmaram que o maior desafio da imigração em Cabo Verde é a discriminação, principalmente para aqueles que vêm de outros países africanos, destacando que essa realidade afecta a integração social.
Em comemoração do Dia Internacional dos Imigrantes, que se assinala esta quarta-feira, 18 de Dezembro, a Inforpress conversou com alguns imigrantes para saber como é ser imigrante em Cabo Verde.
Para Mouctar Diallo, descendente de Guiné Conacri, que há 18 anos escolheu Cabo Verde para viver, ser imigrante é desafiador porque, conforme explicou, para além de deixar o seu país à procura de melhores condições de vida tem de lidar com o preconceito todos os dias.
Entretanto, sublinhou que com os anos de experiência aprendem a lidar com a discriminação pois, conforme disse, nem todos têm a noção do que é ser imigrante.
“Sempre procuro explicar para as pessoas que imigrantes também fazem parte da sociedade e que devem ser respeitados, essa foi uma forma que encontrei de combater a discriminação”, revelou.
Mouctar Diallo aproveitou ainda para deixar uma mensagem a todos os imigrantes que estão à procura de melhores condições de vida no arquipélago no sentido de manterem firmes no seu propósito e a não se deixarem abalar por causa do preconceito.
Por sua vez, Mamadou Diouf, que está em Cabo Verde desde 2009, relatou que antes a situação era bem pior, principalmente para ele que veio de Senegal e não sabia falar crioulo.
“Eu tentava falar com as pessoas e elas não entendiam e me afastava como se eu tivesse alguma doença contagiosa”, lamentou.
Um outro desafio apontado é conseguir a nacionalidade cabo-verdiana, um processo que, segundo Mamadou Diouf, é “demorado e burocrático”, dificultando a plena integração e o acesso a direitos equivalentes aos dos cidadãos residentes.
Apesar dos desafios, o entrevistado da Inforpress afirmou não se arrepender de ter escolhido Cabo Verde para migrar pois, conforme disse, conseguiu trabalho e conquistou muitas coisas que não teria possibilidade de alcançar no seu país.
Já Amadou Mballo, que veio também de Senegal, ressaltou que a situação dos imigrantes tem melhorado ao longo dos anos, principalmente no que diz respeito à obtenção de documentos.
“Alguns anos atrás, era difícil conseguir documentos. Eu, por exemplo, levei quatro anos para regularizar minha situação. Agora, em seis meses em Cabo Verde, já se pode fazer o pedido de documentação”, explicou.
Em relação à discriminação, este imigrante afirmou que nunca enfrentou problemas pois, segundo o mesmo, sempre teve em mente a necessidade de adaptar-se às normas da sociedade cabo-verdiana.
Neste sentido aconselhou outros imigrantes a fazerem o mesmo, ou seja, a respeitarem as regras dos países que os acolhem, lembrando que estão fora de suas terras de origem.
Durante a primeira edição do diálogo com o Observatório das Migrações, realizado semana passada, a presidente da Alta Autoridade para a Imigração, Carmem Barros, reconheceu que os imigrantes em Cabo Verde “enfrentam um forte sentimento de discriminação, o que torna urgente a implementação de campanhas de sensibilização”.
Assegurou que a Alta Autoridade para a Imigração tem se concentrado na actuação pedagógica, com foco na sensibilização e na mudança de mentalidade em relação aos migrantes.